Em Teerã, AIEA cobra explicações sobre programa nuclear
Uma missão de seis técnicos da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), comandada pelo diretor-geral adjunto Herman Nackaerts, iniciou neste domingo uma visita de três dias a Teerã para cobrar do governo iraniano explicações sobre pontos obscuros do programa nuclear temido pelos ocidentais.
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O parlamento iraniano havia programado para iniciar neste domingo um debate sobre a suspensão das exportações de petróleo à União Europeia. A medida seria adotada em represália ao embargo europeu ao petróleo iraniano a partir de 1° de julho. Porém, os parlamentares iranianos decidiram adiar a discussão para o final da semana. A decisão coincide com o início de uma visita de uma delegação da AIEA a Teerã.
A missão da AIEA tem o objetivo de restabelecer a confiança entre os técnicos da agência e o governo local. A viagem é vista como um teste após a adoção do embargo ao petróleo iraniano pelos Estados Unidos e a União Europeia, que suspeitam que o Irã desenvolve a bomba atômica usando seu programa de energia nuclear como fachada.
Teerã acusa a AIEA de produzir relatórios "enviesados" e "politizados" sobre seu programa nuclear, sob pressão dos governos ocidentais. O presidente do parlamento iraniano, Ali Larijani, declarou neste domingo esperar que a agência "corrija sua atitude e faça um trabalho técnico, o que abriria mais espaço para a cooperação".
A AIEA, por sua vez, espera obter explicações de Teerã sobre pontos obscuros apontados no último relatório publicado pela agência, em novembro passado. O texto chamou a atenção para uma possível dimensão militar do programa nuclear iraniano, desencadeando um reforço das sanções ocidentais contra os interesses da república islâmica.
A AIEA destacou que desde 2008 não sentia tanto interesse do Irã em colaborar com a agência. Talvez seja um sinal de que o regime sentiu o golpe de um embargo comercial mais amplo. Segundo o belga Herman Nackaerts, a expectativa é "resolver as questões em suspenso".
A delegação tem encontros com várias autoridades locais e deve visitar a central subterrânea de Fordo, segunda maior usina de enriquecimento de urânio do país. O urânio altamente enriquecido no local poderia servir à fabricação da bomba atômica.
O ministro iraniano das Relações Exteriores, Ali Akbar Salehi, declarou estar otimista com o resultado da visita. Ele informou que vai responder na próxima semana a uma carta enviada pela chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, que propôs a retomada com "seriedade" das negociações sobre o dossiê nuclear com as grandes potências.
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