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Síria/Repressão

Rebelião popular na Síria completa um ano sem solução à vista

A rebelião popular contra o governo do presidente Bachar al-Assad na Síria completa nesta quinta-feira um ano e a violência parece ainda longe de chegar ao fim. O regime se aproveitou do fraco armamento dos rebeldes, da fragmentação da oposição, com a demissão de três personalidades, e sobretudo das divisões da comunidade internacional para restabelecer sua autoridade. Para marcar o primeiro aniversário da revolta, os militantes a favor da democracia convocaram manifestações em todo o país, mas a presença do exército nas ruas pode impedir a participação da população.

Lojas com vitrines quebradas perto de um grafite que diz "O Exército esteve aqui. Síria para Al-Assad", fotografado após o ataque pelas forças do governo da cidade de Sermeen, perto de Idlib, no final de fevereiro.
Lojas com vitrines quebradas perto de um grafite que diz "O Exército esteve aqui. Síria para Al-Assad", fotografado após o ataque pelas forças do governo da cidade de Sermeen, perto de Idlib, no final de fevereiro. Reuters
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Duas semanas após ter tomado o bairro de Baba Amr em Homs, no centro do país, ao final de um mês de bombardeios incessantes, o exército retomou o controle total do importante centro rebelde de Idlib, no noroeste, perto da fronteira turca.

"Não há mais combates em Idlib, o Exército Sírio Livre se retirou, o exército ocupou toda a cidade e revista todas as casas", afirmou Noureddine al-Abdo, um militante local.

Além disso, as forças da ordem intensificaram o uso da violência em outros centros da contestação. Em toda a Síria, a repressão fez nesta quarta-feira ao menos 37 mortos, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.

Um chefe da rebelião afirmou nesta quarta-feira que Bachar al-Assad merece um destino "pior" que o do ditador da Líbia, Muamar Kadafi, morto durante sua captura por rebeldes líbios.

Comunidade internacional

Após ter recebido na terça-feira uma resposta de Assad às suas propostas para acabar com o conflito, o emissário especial das Nações Unidas e da Liga Árabe, Kofi Annan, disse que ainda há questões em aberto e que pediu esclarecimentos urgentes. Já o governo sírio afirma que "respondeu claramente". Annan deve apresentar os primeiros resultados de sua missão diante do Conselho de Segurança da ONU nesta sexta-feira.

A Rússia criticou nesta quarta-feira os "enormes atrasos" nas reformas prometidas por seu aliado sírio, enquanto o presidente norte-americano Barack Obama afirmou que Assad deixará o poder, "aconteça o que acontecer".

A Arábia Saudita e a Holanda anunciaram oficialmente nesta quarta-feira o fechamento de suas embaixadas em Damasco e a retirada de seus diplomatas da Síria, devido à violenta repressão da revolta popular no país.

Na França, organizações francesas e sírias organizam uma manifestação em Paris, enquanto na Turquia centenas de militantes sírios devem se reunir perto da fronteira.

Balanço

A Anistia Internacional denunciou a "tortura sistemática" dos prisioneiros, que atingiu "um nível jamais visto durante anos".

Após um ano, o regime continua se recusando a reconhecer a extensão da revolta popular, qualificada pelas autoridades sírias de "terrorismo" conduzido por "grupos terroristas" a mando de governos estrangeiros. A agência oficial Sana estimou em US$ 35,5 milhões "os danos provocados pelas gangues terroristas em Baba Amr".

O movimento de contestação, fundamentalmente pacífico no início, se militarizou com a adesão dos desertores, reunidos no Exército Sírio Livre, que dizem pegar em armas para defender os civis.

Segundo dados das Nações Unidas, mais de 8 mil pessoas já morreram e outras 230 mil tiveram que deixar suas casas desde o início dos conflitos na Síria. Destes, estima-se que 30 mil tenham se refugiado nos países vizinhos.

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