Dissidente chinês é encontrado morto de maneira suspeita
O dissidente chinês Li Wangyang, de 62 anos, foi encontrado enforcado, nessa quarta-feira, em um quarto de hospital da cidade de Shaoyang, na província de Hunan (centro). Familiares contestam a versão de suicídio e consideram a morte suspeita. Li Wangyang foi libertado no ano passado, depois de passar 22 anos preso por sua militância contra o regime comunista.
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Uma irmã e um cunhado de Li Wangyang encontraram o dissidente morto, ontem, quando foram visitá-lo no hospital. Ele tinha uma faixa de pano enrolada no pescoço e seu corpo ainda tocava o chão com os pés, perto da janela, conforme relatou o cunhado do dissidente, Zhao Baozhu, ao escritório chinês da ong Human Rights Watch (HRW). Nem os familiares nem os funcionários do hospital puderam examinar o corpo de Li, pois a polícia logo foi chamada e cerca de 40 policiais levaram o corpo embora do local.
Após o movimento pró-democracia de 1989, que terminou com um banho de sangue das tropas chinesas sobre os estudantes da praça da Paz Celestial, em Pequim, Li Wangyang foi condenado a 13 anos de prisão por "crimes contra-revolucionários". Quando foi libertado, depois de passar 11 anos atrás das grades, ele estava praticamente surdo e cego devido aos maus-tratos e às péssimas condições carcerárias.
O dissidente tentou cobrar uma indenização na justiça chinesa e o que recebeu foi uma nova condenação, em 2001, a mais 10 anos de reclusão. Desde que foi libertado pela segunda vez, Li passava a maior parte do tempo no hospital. Ele militava em defesa dos direitos dos trabalhadores de Shaoyang.
Segundo a ong HRW, amigos e familiares do dissidente morto receberam instruções para não de se manifestar em público e estão sob vigilância policial.
Revoltados com a morte repentina de mais um opositor do regime comunista, internautas chineses lançaram uma petição nesta quinta-feira pedindo esclarecimentos sobre o enforcamento suspeito. O abaixo-assinado já recolheu 3 mil assinaturas, incluindo a do artista e militante Ai Weiwei, de escritores e advogados.
Nos últimos meses, vários opositores foram condenados a pesadas penas de prisão por "incitação à subversão do poder do Estado". A China tem fechado o cerco à mídia e à internet, aumentado a censura política com vista ao Congresso do Partido Comunista Chinês que deve indicar o novo presidente do país no segundo semestre deste ano. Um projeto de lei apresentado hoje pelo governo tenta restringir o anonimato dos internautas e aumentar o controle dos sites que abrigam fóruns e microblogs na rede.
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