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Turquia/ Justiça

Famoso pianista turco é condenado por insultos a muçulmanos

O famoso pianista turco Fazil Say foi condenado hoje pela justiça do país a 10 meses de prisão, por "insultos aos valores religiosos" em declarações feitas pelo Twitter contra os muçulmanos. Um tribunal de Istambul considerou, entretanto, que ele poderá cumprir a pena no regime condicional.

O famoso pianista turco Fazil Say foi condenado nesta segunda-feira,  por um tribunal de Istambul, a 10 meses de prisão
O famoso pianista turco Fazil Say foi condenado nesta segunda-feira, por um tribunal de Istambul, a 10 meses de prisão wikipédia
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O veredicto do polêmico processo provocou um novo debate sobre a liberdade de expressão na Turquia. Fazil Say, que não compareceu à audiência, foi declarado culpado de "insulto aos valores religiosos de parte da população", mas a pena não será aplicada a menos que o artista reincida durante um período de condicional de cinco anos, conforme o juiz Hulusi Pur.

Pela sua página no Facebook, o artista afirmou estar “muito triste com esta decisão”. “É uma decepção para mim, do ponto de vista da liberdade de expressão”, disse. “Essa condenação, considerando que não cometi nenhum crime, é preocupante para a liberdade de convicções e de expressão na Turquia.”

O acusado, um ateu declarado de 43 anos, corria o risco de ser condenado a um ano e meio de prisão, por ter publicado mensagens como “não sei se vocês perceberam, mas quando tem um medíocre, um ladrão ou um palhaço, é sempre um islamita”. A advogada do pianista e seus amigos, que compareceram ao tribunal, se negaram a fazer comentários à imprensa após o anúncio do veredicto.

Durante a primeira audiência do processo, em outubro do ano passado, o pianista alegou inocência e disse que nenhuma de suas mensagens pretendia insultar nem humilhar o islã e seus fiéis. A advogada do músico, Meltem Akyol, reiterou os argumentos e pediu a sua absolvição.

Confronto com o poder

Fazil Say, claramente hostil ao governo islamita conservador da Turquia, no poder desde 2002, acusou o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) de ter estimulado o processo. "Tudo isto é político. Por trás há pessoas do AKP", declarou em dezembro ao canal CNN-Türk.

"Querem me obrigar a acreditar em Deus fazendo com que eu passe um ano e meio na prisão", denunciou o artista, que havia advertido alguns meses antes que, em caso de condenação, partiria para o exílio.

A condenação também evocou críticas da Comissão Europeia, que nesta manhã se disse “preocupada” e pediu a Ancara que respeite “plenamente” a liberdade de expressão. Na própria Turquia, o ministro da Cultura e do Turismo, Ömer Celik, lamentou a decisão judicial. “Quero deixar claro de que não quero que ninguém seja confrontado ao sistema judicial por causa de palavras que tenha pronunciado”, afirmou.
 

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