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Israel/Manifesto

Oficiais de Israel abandonam uniforme, revoltados com abusos contra palestinos

Um grupo de 43 oficiais e soldados da reserva enviaram uma carta ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e ao chefe do Estado Maior das Forças Armadas na qual anunciam a decisão de abandonar o uniforme, para não mais participar de "abusos" contra os palestinos. O grupo de homens e mulheres integra a mais prestigiosa unidade de inteligência militar israelense.

REUTERS/Ammar Awad
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"Nós, soldados da reserva da unidade 8200, reservistas mobilizados ou mobilizáveis, declaramos que nos recusamos a tomar parte de ações contra os palestinos e de continuar a ser instrumentalizados no controle reforçado dos territórios ocupados", diz o texto. A carta foi transmitida por um anônimo ao escritório da agência AFP em Jerusalém, e teve trechos publicados nesta sexta-feira (12) pelo jornal de grande circulação israelense Yediot Aharonot.

Esta é a mais importante manifestação de objeção de consciência surgida nos últimos anos em Israel. A unidade do Exército onde atuam esses oficiais e soldados costuma ser comparada à poderosa Agência de Segurança Nacional (NSA) americana. Mesmo sendo reservistas, os 43 signatários do documento podem ser convocados a servir a qualquer momento.

"Não conseguimos mais dormir"

Na carta, eles relatam ter participado de operações pontuais de execução de palestinos, sob as ordens do Exército. "Acho que assinamos esta carta pela mesma razão: não conseguimos mais dormir", resumiu um dos rebelados ao jornal Yediot Aharonot. Uma mulher fala de um erro de identificação que ela cometeu, provocando a morte de uma criança. Outros demonstram indignação por serem obrigados a escutar conversas íntimas dos palestinos. Em seu manifesto, os soldados afirmam não querer mais "continuar servindo a um sistema que viola os direitos de milhões de pessoas".

Em Israel, esses "desertores" são chamados de "refuzniks", ou seja, militares que se recusam a servir às Forças Armadas. Embora seus nomes não tenham sido divulgados, tudo indica que nenhum deles participou da guerra encerrada há três semanas na Faixa de Gaza.

O "grupo dos 43" denuncia "perseguição política" aos palestinos, decisões abusivas, sem provas, da parte dos tribunais militares israelenses e práticas destinadas a colocar os palestinos uns contra os outros. De maneira global, eles criticam os 47 anos de cerco militar aos palestinos, a colonização de suas terras e a hipocrisia de uma política que justifica essas medidas em nome da segurança de Israel.

Em um comunicado, as Forças Armadas rejeitaram as acusações e afirmam não ter conhecimento das violações mencionadas pelos reservistas.

"Fazemos um apelo a todos os soldados que servem atualmente nesta unidade ou que venham a servir, e a todos os cidadãos de Israel, para que se manifestem contra esses abusos e ajam para pôr um fim a isso", diz o texto.

Pela insubordinação, os 43 oficiais e soldados signatários da carta podem ser condenados à prisão.

Funeral reúne 4 mil pessoas

O ex-prisioneiro palestino em Israel Raed Abdessalam Al-Jaabari, de 35 anos, foi enterrado nesta sexta-feira (12) em Hebron, na Cisjordânia, na presença de 4 mil pessoas. As autoridades palestinas afirmam que ele foi vítima de assassinato na prisão, mas Israel nega as acusações.

Inicialmente, o governo israelense disse que Al-Jaabari suicidou-se na prisão de Eshel, no sul do país, na última terça-feira. Ele teria se enforcado no banheiro de sua cela. No entanto, uma autópsia realizada no corpo do ex-prisioneiro, já na Cisjordânia, revelou que ele morreu devido a uma hemorragia interna provocada por um golpe na cabeça. O corpo do prisioneiro também passou por uma autópsia em Israel, mas os resultados ainda não foram divulgados.

 

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