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Irã/Programa nuclear

Sem avanços, negociações sobre nuclear iraniano entram em fase final

As discussões sobre o programa nuclear iraniano entram em fase decisiva nesta sexta-feira (21). Os negociadores estabeleceram a próxima segunda-feira como data limite para um acordo. Mas as negociaçoes entre o Irã e os países do chamado grupo 5+1 (China, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha) ganharam ares de queda de braço nessa reta final e o clima é de pessimismo.

O secretário de Estado americano, John Kerry, desembarca em Viena
O secretário de Estado americano, John Kerry, desembarca em Viena REUTERS/Heinz-Peter Bader
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Teerã exclui fazer novas concessões. O presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, reclamou que, quanto mais o Irã colabora, mais os ocidentais aumentam o tom. Ali Akbar Salehi, chefe do programa nuclear iraniano, martelou que seu país pretende multiplicar por 20 sua capacidade de enriquecimento de urânio e se recusa a reduzir seu estoque atual de urânio enriquecido.

Essas são justamente as principais demandas do ocidente, que suspeita que o Irã esteja usando seu programa nuclear civil como fachada para produzir a bomba atômica, acusação que Teerã nega.

Na quinta à noite, o negociador russo Serguei Riabkov declarou que, se não houver nenhuma mudança concreta nas posições, dificilmente se chegará a um acordo. "As discussões acontecem sob clima de forte tensão", descreveu Riabkov. "É preciso que as delegações recebam novas garantias e levem esse clima em conta".

Oportunidade para o Irã

John Kerry desembarcou na noite de quinta-feira em Viena para tentar facilitar essa fase de discussões e lembrou que as negociações atuais são uma oportunidade para o Irã. Isso porque um acordo sobre o programa nuclear poderia dar novo fôlego à economia iraniana, estrangulada pelas sanções da comunidade internacional, e principalmente, pelo embargo ocidental sobre seu petróleo.

Além de exigir o direito de manter e ampliar sua capacidade nuclear, o país pede que essas sanções, consideradas injustas por Teerã, sejam suspensas imediatamente. Mas fontes ocidentais consideram essa possibilidade irrealista, antes de um acordo total.

Para Federica Mogherini, chefe da diplomacia europeia, o sucesso nas negociações iniciaria um "novo capítulo nas relações entre o Irã e a comunidade internacional", abrindo a via para cooperações, principalmente nas crises no Iraque e na Síria.

Na quinta-feira, John Kerry descartou a possibilidade de extensão das negociações, que já se estenderam para além do prazo inicial de primeiro de julho. Mas a ideia tem tomado força nos bastidores em Viena e chegou até a ser cogitada publicamente pelo chanceler britânico, Philip Hammond. Para ele, no entanto, isso depederia de "avanços significativos" nos próximos dias.

Futuro incerto

Se as negociações terminarem como estão, o futuro das discussões ficará incerto. A partir de janeiro, a oposição republicana controlará o congresso dos Estados Unidos, e a margem de manobra de Barack Obama nas negociações certamente encolherá.

Um impasse também fragilizaria o presidente moderado iraniano Hassan Rohani. A principal aposta de sua gestão foi justamente a possibilidade de reinserção do país na comunidade internacional, que tiraria a economia iraniana da crise.

 

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