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Irã/Nuclear/França

Chanceler francês desembarca no Irã sob críticas, após ter bloqueado acordo nuclear

O ministro francês da Relações Exteriores, Laurent Fabius, desembarca nesta quarta-feira (29) em Teerã sob duras críticas dos conservadores do país. O chefe da diplomacia é contestado por sua posição durante as negociações sobre o programa nuclear iraniano. Escândalo de sangue contaminado na década de 1980 foi ressuscitado antes da chegada do representante de Paris. 

Laurent Fabius é criticado por sua posição durante as negociações sobre o programa nuclear iraniano.
Laurent Fabius é criticado por sua posição durante as negociações sobre o programa nuclear iraniano. REUTERS/Amr Abdallah Dalsh
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A visita do francês foi duramente atacada. Segundo a agência de notícias local Isna, dez deputados iranianos, de um total de 290, pediram ao ministro das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, que Fabius não fosse a Teerã. Já a agência Fars, próxima dos conservadores, citou Mojtaba Zolnur - um ex-representante do guia supremo Ali Khamenei - segundo o qual Fabius representaria um inimigo.

Zolnur também falou dos iranianos que "morreram devido à importação de sangue contaminado cujo principal responsável é Fabius". A declaração é uma referência a um escândalo de saúde pública dos anos 1980, quando o centro francês de transfusão de sangue distribuiu produtos sanguíneos contaminados pelo vírus HIV. Alguns lotes foram exportados, inclusive ao Irã, provocando a infecção e a morte de centenas de pessoas. O caso criou um grande polêmica, mas o atual chanceler francês, que na época era ministro da Saúde, foi absolvido pela justiça.

Ministro iraniano defende Fabius

O governo iraniano tentou defender o francês. "Fabius é uma personalidade internacional (...) o país não se interessa em trazer à tona agora esta questão" do sangue contaminado, disse. "É como se amanhã vier uma personalidade alemã ao Irã e falarmos do papel da Alemanha durante a Guerra" Mundial, acrescentou o ministro iraniano da Saúde, Seyed Hassan Hashemi.

Mas a principal crítica dos conservadores iranianos é sobre a dureza de Fabius durante as negociações sobre o programa nuclear. O francês foi um dos que se opôs ao texto durante as discussões em Viena.

Em Paris, o presidente francês, François Hollande, lembrou que o chanceler representa a França e que "a maneira como ele for recebido será para nós uma avaliação do comportamento do Irã".

O chefe de Estado também insistiu no papel que Teerã deve desempenhar para promover a paz no Oriente Médio, "especialmente na Síria”.

Chefe da diplomacia europeia em Teerã

A chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, desembarcou na terça-feira (28) em Teerã para falar sobre a aplicação do acordo nuclear entre o Irã e as grandes potências. O texto preocupa a Arábia Saudita, onde Mogherini fez uma escala para reafirmar que o documento é "um sinal de esperança para o mundo inteiro", ao mesmo tempo em que disse entender o temor dos sauditas.

A União Europeia teve um papel importante nestes anos de negociações entre o Irã e as potências do chamado grupo 5+1 (Grã-bretanha, China, França, Rússia, Estados Unidos e Alemanha). O acordo histórico, assinado em 14 de julho, limita o programa nuclear iraniano em troca do levantamento das sanções econômicas.

(Com informações da AFP)

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