Parlamentos rivais líbios aceitam assinar acordo proposto pela ONU
Representantes dos dois Parlamentos rivais líbios assinarão um acordo apoiado pela ONU no dia 16 de dezembro, que prevê a formação de um governo de união nacional para tirar a Líbia do conflito que se estende desde a queda do regime Muammar Kadhafi, em 2011. Negociadores dos dois governos sediados em partes diferentes do país se reuniram por dois dias entre quinta (10) e sexta-feira em Túnis, sob a égide das Nações Unidas.
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"A assinatura do acordo político acontecerá no próximo dia 16", disse à imprensa Salah el Makhzum, vice presidente do Parlamento de Trípoli. "Hoje é um dia feliz e eu conclamo meus colegas a se unirem neste diálogo líbio com o apoio da missão da ONU", completou Makhzum. Mohamed Chueib, responsável pelo Parlamento rival de Tobruk, disse que "depois destes longos esforços, (...) decidimos ultrapassar esse período difícil e pedimos a todos que se unam a nós".
Mas, tão logo terminou a reunião, vozes discordantes se levantaram, como a de outro vice-presidente de Trípoli, Awad Mohammed Abdul-Sadiq, que afirmou que "os participantes deste diálogo só representam a si próprios". Sadiq, que preside a comissão do diálogo de paz não reconhecida pela comunidade internacional, afirmou que os participantes da reunião de Túnis "não estão autorizados a assinar acordo nenhum".
No último domingo, ele anunciou um projeto de acordo concorrente, também prevendo um governo de união nacional, assinado entre outros representantes dos Parlamentos líbios, mas sem o aval da ONU. O acordo assinado nesta sexta-feira já havia sido aprovado pelas delegações líbias no início de outubro, durante uma cúpula em Skhirat, no Marrocos, mas o documento terminou rejeitado pelas Assembleias. Ainda não se sabe se o texto será novamente submetido a votação antes do dia 16.
Comunidade internacional afinará posição em Roma
O anúncio da assinatura do acordo acontece a 48 horas de uma conferência sobre a Líbia em Roma, que será copresidida pela Itália e pelo secretário de Estado norte-americano, John Kerry. Essa conferência de um dia deve reunir ainda o chanceler russo, Serguei Lavrov, além de representantes de outros membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Reino Unido, China e França), outros países europeus e árabes. Os países envolvidos na negociação avaliam que a definição da situação líbia dependerá ainda de uma "decisão forte" do Conselho de Segurança.
A maior parte das dúvidas recai sobre a participação das facções líbias. Os considerados "moderados" pela comunidade internacional são benvindos, mas não os organizaram o acordo paralelo. Para a ONU, o processo alternativo é inviável. Já os que aceitaram assinar o acordo nesses dois dias de negociação "colocaram o interesse nacional, o interesse do povo líbio, acima de seus interesses pessoais", na opinião do emissário das Nações Unidas, Martin Kobler.
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