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Bolsas: por que o medo do "crash" está de volta?

Por que as Bolsas de Valores não param de despencar? Desde o começo do ano, os mercados mundiais perderam cerca de 10%. Na quarta-feira (20), todos os pregões encerraram no vermelho. As causas são múltiplas e podem ter consequências relevantes sobre a economia real.  

Bolsa de valores de Frankfurt, Alemanha, em  21 de janeiro de 2016.
Bolsa de valores de Frankfurt, Alemanha, em 21 de janeiro de 2016. REUTERS/Kai Pfaffenbach
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A financeira americana BCG Partners, baseando-se em informações do Euronext e do Banco Central Europeu, explica o atual cenário econômico global, marcado pelo desabamento das Bolsas de Valores.

Pergunta: Quais os fatores que explicam a queda das Bolsas desde o início de janeiro?

Resposta: São três fatores de peso: a baixa dos preços do petróleo, a desaceleração econômica da China e a impossibilidade dos bancos centrais de tranquilizarem os mercados. A baixa contínua do preço do petróleo se explica pela recusa dos países da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) a limitar sua produção, e pela fraca demanda chinesa do chamado "ouro negro".

O combustível mais barato no posto de gasolina é bom para o consumidor, mas nos níveis atuais esta vantagem é amplamente ultrapassada pelas consequências negativas de um petróleo barato para a economia mundial como, por exemplo, as dificuldades orçamentárias dos países exportadores.

Na China, a transformação do gigante em uma economia mais equilibrada, dependendo menos das exportações, causa o temor de uma desaceleração brutal da atividade, além da desvalorização muito alta da moeda. Podemos acrescentar a este cenário o medo de uma má gestão da situação pelas autoridades, como ocorreu recentemente nas Bolsas chinesas.

Por fim, nos períodos tumultuados, os mercados costumam recorrer aos seus bancos centrais, especialmente nos Estados Unidos e na Europa. Mas hoje, o Banco Central Americano (Federal Reserve) decidiu apertar o cinto. Por enquanto, o Banco Central Europeu continua generoso e seu presidente, Mario Draghi, prometeu tomar novas medidas de apoio, convencido de que sua política monetária é eficiente.

Pergunta: O medo de um novo "crash" é fundamentado do ponto de vista da economia real?

Resposta
: Sim. "A queda das bolsas desperta preocupações reais, não são apenas temores de investidores", comenta Jean-Louis Mourier, economista da corretora francesa Aurel BGC. "A queda prolongada demais dos preços do petróleo provoca uma situação perigosa, não apenas para as empresas do setor, com um impacto desastroso para o emprego, mas também para os países exportadores, que deixam de ser polos de crescimento", analisa Christopher Dembik, economista da corretora dinamarquesa Saxo Banque. Para ele, em alguns países o risco de default já se esboça.

Do lado chinês, uma queda forte do yuan deixaria as empresas chinesas ainda mais competitivas e criaria para as concorrentes um choque "que as economias ocidentais não precisam neste momento e que preocupa os mercados", explica Didier Saint-Georges, do comitê de investimentos da empresa de gestão Carmignac.

Pergunta
: A reação das Bolsas, como no caso da Bolsa de Paris que perdeu mais de 9% em três semanas, não é excessiva?

Resposta: Sim, diz Christophe Dembik, porque os elementos que hoje são responsáveis pela queda dos mercados já eram conhecidos no final de 2015.

Pergunta: A instabilidade dos mercados pode afetar o crescimento mundial?

Resposta: Sim, pois uma baixa das cotações pode ter um impacto importante nos Estados Unidos, onde a poupança doméstica é amplamente investida em ações, o que pode frear o consumo. Globalmente, este recuo endurece as condições de financiamento para as empresas e pesa na confiança do conjunto de atores da economia.

Informações da BGC PARTNERS e EURONEXT

 

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