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Presidente de Mianmar inaugura nova era para o país

O novo presidente de Mianmar, Htin Kyaw, colaborador da histórica opositora Aung San Suu Kyi, tomou posse nesta quarta-feira (30). O novo chefe de Estado inaugura uma nova era para o país, depois de décadas de domínio militar. Em um discurso aos deputados, no Parlamento, Kyaw prometeu ser fiel ao povo.

Novo Presidente do Myanmar, Htin Kyaw, e o ex-presidenteThein Sein
Novo Presidente do Myanmar, Htin Kyaw, e o ex-presidenteThein Sein REUTERS/Ye Aung Thu/Pool
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O novo presidente chegou à cerimônia acompanhado de Suu Kyi, ambos vestidos com o tradicional sarongue do país, chamado de "longyi". Suu Kyi, cujo partido venceu as eleições de 8 de novembro, não pôde se candidatar à presidência do país devido ao artigo da Constituição que retira essa possibilidade a pessoas casadas com estrangeiros ou que tenham filhos estrangeiros. Ela é viúva de um inglês e têm filhos de nacionalidade britânica.

Mas, depois do triunfo nas urnas, ela prometeu que estaria "acima do presidente", um papel que parece ter sido aceito por Htin Kyaw. A líder do movimento democrático vai comandar quatro dos 21 ministérios: Relações Exteriores,Casa Civil, Educação e Energia.

Empossado, Kyaw disse que pretende "reformar a Constituição, o que levará a uma democracia plena", dando a entender que Suu Kyi poderá ser presidente em cinco anos.

A posse acontece cinco meses depois das eleições, que terminaram com uma vitória esmagadora da Liga Nacional pela Democracia (NLD), o partido de Suu Kyi.

O resultado foi um voto contrário ao governo de transição formado por antigos militares, apesar das reformas políticas importantes dos últimos cinco anos.

O presidente que deixou o cargo nesta quarta-feira, Thein Sein, defensor das reformas, permaneceu ativo até o fim. Nas últimas semanas, ele visitou projetos iniciados durante seu mandato, com o objetivo de fortalecer sua presença nos meios de comunicação, já pensando nas eleições de 2020. Depois da posse, Kyaw visitou Thein Sein no palácio presidencial.

Longa transição política

A cerimônia desta quarta-feira foi a última etapa de uma longa transição política iniciada com as eleições legislativas de novembro, as primeiras livres nos últimos 25 anos no país, que registraram um alto índice de participação dos birmaneses.

A União Europeia saudou a nova etapa, mas recordou que "ainda persistem vários desafios", segundo palavras da chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.

Já o presidente Barack Obama classificou a posse de "momento histórico" e disse que espera poder colaborar com o novo governo birmanês, que enfrenta "desafios importantes para poder avançar".

"Os Estados Unidos esperam ser amigos e sócios do novo governo e do povo de Mianmar em seus avanços para a construção de um futuro mais inclusivo, pacífico e próspero", afirmou.

Grandes esperanças

O novo governo civil desperta grandes esperanças no país pobre, onde um terço da população vive abaixo da linha da pobreza. O partido de Suu Kyi prometeu dar prioridade à educação e à saúde.

"O país está preparado e ansioso para a mudança", afirmou o analista político Khin Zaw Win, um ex-prisioneiro político e atualmente diretor do centro de análise Tampadipa. Ele destacou que novo governo estará sob pressão nos próximos cinco anos para realizar reformas de maneira rápida.

Outro tema importante é o que envolve os conflitos étnicos em várias regiões, com grupos armados que desejam mais autonomia e enfrentam as forças de do governo. Na região oeste, milhares de muçulmanos rohingyas vivem deslocados em campos de refugiados.

Aung San Suu Kyi e sua equipe também terão que administrar as complexas relações com o exército, que continua com muito poder político e dispõe de 25% dos deputados no Parlamento, atribuídos a militares não eleitos. O exército também controla os ministérios do Interior, Defesa e Fronteiras.

O comandante das Forças Armadas, general Min Aung Hlaing, compareceu nesta quarta-feira ao Parlamento à posse do novo presidente.

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