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A Semana na Imprensa

Imprensa francesa desvenda laços entre homossexualidade e islã

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O atentado contra uma boate gay em Orlando é o assunto dominante das revistas francesas desta semana. As publicações se concentram em desvendar qual, afinal, é o espaço da homossexualidade no islã.

Mulher protesta contra as execuções de homossexuais no Irã, uma prática que se repete em vários países muçulmanos.
Mulher protesta contra as execuções de homossexuais no Irã, uma prática que se repete em vários países muçulmanos. JAY DIRECTO / AFP
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A Le Point cita trechos do Corão em que os homossexuais são tratados como “transgressores”. Mohammed-Hocine Benkheira, professor de Direito muçulmano na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, explica à semanal que o islã considera a homossexualidade “a pior das aberrações”, principalmente a masculina. “Não há diferença entre pedofilia e homossexualidade, e tanto o passivo quanto o ativo devem ser punidos severamente pela sharia, a lei islâmica”, explicou o professor à Le Point. A punição para os homens, ressalta, é a morte.

Já a L’Obs traz um ponto de vista diferente. Na série de reportagens especiais sobre o assunto, a revista entrevista Gilles Kepel, especialista no islamismo e professor do Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po). O pesquisador observa que tudo é uma questão de interpretação dos textos religiosos.

Homens se beijam na Parada Gay de Istambul, na Turquia, um país muçulmano.
Homens se beijam na Parada Gay de Istambul, na Turquia, um país muçulmano. AFP PHOTO / OZAN KOSE

Frase usada por salafistas é contestada por teólogos

Os terroristas do grupo Estado Islâmico sempre citam uma frase atribuída ao profeta Maomé que diz que se o muçulmano descobrir pessoas que praticam a sodomia, deve “matá-lo, assim como àquele que permite que seja feita consigo”. A frase não é reconhecida como verdadeira por muitos teólogos da religião, mas é propagada pela linha salafista, a mais radical dos muçulmanos.

É essa corrente que inspira homens como Omar Mateen, o assassino da boate Pulse. O especialista ressalta que, na maioria dos casos, jovens como Mateen não possuem um conhecimento aprofundado da religião e se informam sobre o islã pelas redes sociais, em mensagens escritas por salafistas e carregadas de propaganda em favor da jihad.

A polêmica sobre o assunto levou a fotógrafa alemã Lia Darjes a viajar o mundo em busca de uma resposta, como mostra reportagem publicada pela revista M, do Le Monde. Também para ela, os textos islâmicos podem ter diversas interpretações. A fotógrafa conversou com especialistas na religião que a explicaram que, no Corão, não está claro que a homossexualidade seja um pecado – ao ponto de existir imãs gays em países como Canadá, Estados Unidos e França.
 

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