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Linha Direta

Pequim é cidade do mundo onde aluguéis consomem a maior fatia do salário

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Nem Londres nem Nova York. Pequim é hoje a cidade do mundo onde os alugueis consomem a maior fatia do salário das pessoas. Cerca de 123% na média. Fica cada vez mais difícil para o trabalhador comum viver em boa parte dos endereços da capital.

Em Pequim o preço dos aluguéis na capital chinesa, abocanham maior parte dos salários no mundo.
Em Pequim o preço dos aluguéis na capital chinesa, abocanham maior parte dos salários no mundo. REUTERS/Thomas Peter
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Em segundo lugar, vêm Abu Dhabi, onde o aluguel abocanha 70% da renda mensal, e Hong Kong, 64%. Os dados são da Global Cities Business Alliance, que compara os preços do aluguel aos salários médios das pessoas em 15 capitais mundiais. O mercado imobiliário aquecido tem levado os chineses a buscar alternativas, no exterior. Em muitos casos, é mais barato comprar lá fora do que na grandes cidades chinesas.

Viver nos grandes centros urbanos da China está se tornando cada vez mais caro. E, apesar dos sinais de que a economia vai crescer em um ritmo menos acelerado daqui para frente, os preços dos imóveis não param de subir.

Das 10 cidades consideradas as mais caras do mundo para o mercado de imóveis residenciais, sete ficam aqui, segundo um índice do Fundo Monetário Internacional que compara preços das propriedades e salários.

No sul do país, a cidade Shenzen, uma das que mais cresce hoje na China, foi um dos fenômenos dos últimos tempos. Viu os valores das suas propriedades dispararem nada menos que 72% em um ano.

Em Xangai, que já é considerado um mercado superaquecido, o aumento foi de 18%, e em Pequim, de 10%. É essa pressão no bolso que tem levado os chineses a ampliarem as buscas para fora das suas fronteiras, o que gera impacto também no mercado exterior.

Pressão nos mercados internacionais

A tendência já pressiona os mercados imobiliários no Reino Unido, no Canadá, nos Estados Unidos e na Austrália, seus destinos preferidos. Os investimentos chineses no mercado imobiliário internacional somaram 30 bilhões de dólares em 2015, praticamente o dobro das operações realizadas um ano antes.

Em Londres, eles já representavam 11% de todas as transações imobiliárias acima de um milhão de libras, deixando para trás os russos, que costumavam a ser os principais fregueses da capital britânica. Esse percentual não passava de 4% em 2012.

Na Austrália, o investimento chinês cresceu expressivos 60% no ano passado. O movimento foi tal que chamou a atenção das autoridades australianas. O governo acaba de impor uma nova taxa sobre as compras realizadas por investidores estrangeiros. Ela varia de 3% em cidades menos centrais a 15% em Sidney.

Imenso apetite dos chineses

A explosão do mercado imobiliário doméstico sozinha não explica o imenso apetite dos chineses. A desvalorização do yuan, a moeda chinesa, e as incertezas causadas pelas turbulências recentes nas bolsas de valores do país também contribuíram para os novos rumos de quem quer ter o seu imóvel e proteger o seu capital.

Além disso, ricos e cada vez mais representantes da classe média, sempre que conseguem juntar um dinheiro a mais, e eles tiveram um aumento de renda nos últimos anos, têm enviado seus filhos para estudar no exterior.

O investimento prioritário dos chineses é no mercado imobiliário. E a China é um país com um alto índice de poupaça doméstica. Tradicionalmente, os pais compram para os filhos homens o imóvel onde vão morar com a sua família. Ter um imóvel é um das condições para um bom casamento na China.

Os pais costumam economizar a vida inteira para proporcionar isso aos filhos. O curioso é que 20 anos atrás, não existia mercado imobiliário no pais. Foi a partir de meados dos anos noventa, depois de uma série de reformas promovidas pelo governo, que os chineses puderam passar a comprar do Estado os imóveis onde viviam com suas famílias. Uma década depois, tornou-se o maior mercado imobiliário do mundo.

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