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Síria/trégua

Trégua proposta por EUA e Rússia vem sendo respeitada na Síria

A trégua na Síria, considerada como a  "última oportunidade" para colocar fim a uma guerra que já deixou mais de 300.000 mortos, era respeitada nesta terça-feira (13), oferecendo aos habitantes de várias cidades uma primeira noite de tranquilidade em meses.

Foto feita em maio mostra Aleppo destruída.
Foto feita em maio mostra Aleppo destruída. AFP
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O barulho de tiros e explosões deixaram de ser ouvidas depois que a trégua entrou em vigor na segunda-feira (12) às 19h locais (13h de Brasília), depois de um acordo entre Rússia e Estados Unidos, que apoiam, respectivamente, o regime e os rebeldes, em uma nova tentativa de colocar fim a mais de cinco anos de uma guerra devastadora.

A brutalidade da última batalha em Aleppo, a segunda cidade do país, que deixou centenas de mortos, incitou russos e americanos a buscar um acordo. O fim dos combates permitirá o envio de ajuda humanitária urgente a centenas de milhares de pessoas que vivem nas zonas sitiadas, em especial na cidade rebelde de Aleppo.

Jornalistas e ONG relatam ausência de confrontos

Na manhã desta terça-feira, os correspondentes da AFP em Aleppo, tanto na zona leal a Damasco, quanto na rebelde, não informaram sobre nenhum disparo ou bombardeio durante a noite. No leste e no oeste da cidade, os habitantes permaneceram nas ruas na segunda-feira até a meia-noite, aproveitando o cessar-fogo para celebrar o Eid al-Adha, a festa muçulmana do sacrifício.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), as principais frentes, nas províncias de Aleppo, Damasco e Idleb (noroeste), estão tranquilas. De acordo com as agências russas Interfax e RIA Novosti, militares russos instalaram um ponto de observação na rota do Castello, um eixo vital de acesso aos bairros rebeldes de Aleppo.

"Esta rota será a principal para a entrega de ajuda humanitária a Aleppo", declarou um responsável do centro militar russo de observação do cessar-fogo, o coronel Serguei Kapitsyn, citado pela Interfax. Grupos similares de militares russos também devem ser mobilizados em Al Mashraqa (norte da província de Aleppo) e em Hama (centro), havia indicado na noite de segunda-feira o exército russo.

Para o secretário de Estado americano, John Kerry, que negociou o acordo com seu colega russo, Serguei Lavrov, a trégua poderá "ser a última oportunidade de salvar" a Síria, onde o conflito já deixou mais de 300.000 mortos desde março de 2011 e obrigou milhares de pessoas a fugir.

Uma primeira noite de sono em várias cidades

Em muitas cidades e localidades, em particular as controladas pelos rebeldes e que eram bombardeadas diariamente pela aviação do regime, a população demonstrou alívio. "Geralmente não fechamos os olhos durante a noite pelo som dos aviões", disse Hassan Abu Nuh, um militante de Talbise, um reduto rebelde na província de Homs (centro). "Mas graças a Deus na última noite pudemos dormir".

Na província de Idleb, onde 13 civis morreram na segunda-feira
antes da entrada em vigor da trégua, um militante também disse que a noite foi tranquila. "Desta vez conseguimos dormir bem", afirmou Nayef Mustapha, da localidade de Salqin. Aproveitando a trégua, a ONU informou que está disposta a "fornecer de maneira urgente ajuda humanitária aos que precisarem".

Ainda que a oposição e os rebeldes, debilitados, não tenham dado seu acordo formal à trégua e tenham pedido "garantias" do aliado americano, parecem respeitar em terra o cessar-fogo.

Otimismo não é generalizado

Mas o ceticismo prevalece sobre o êxito desta nova trégua. O regime congelou suas operações militares "no território" até domingo (18), às 21h GMT (18h de Brasília), depois de dar seu aval ao acordo concluído na sexta-feira por Washington e Moscou.

Assim como na trégua anterior, no fim de fevereiro, que durou duas semanas, os grupos extremistas Estado Islâmico e Frente Fateh al-Sham (ex-Frente al-Nosra, braço sírio da Al-Qaeda), que controlam amplos setores do país, estão excluídos.

Se for respeitada, a suspensão das hostilidades pode levar a uma inédita colaboração entre Moscou e Washington contra os dois grupos extremistas. Ambos buscam, através do acordo, favorecer a retomada das negociações entre o regime e os rebeldes para colocar fim a ao conflito, que permitiu que o grupo Estado Islâmico se reforce em meio ao caos.
 

(Com informações da AFP)

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