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Rússia/Política

Rússia: eleições legislativas marcadas pelo desinteresse dos eleitores

Cerca de 110 milhões de eleitores russos são convocados às urnas neste domingo (18) para eleger 450 deputados do parlamento e escolher governadores de regiões e representantes de assembleias legislativas locais. As sondagens indicam uma vitória tranquila do Rússia Unida, partido do presidente Vladimir Putin. A votação deve ser marcada pela forte abstenção já que a campanha eleitoral foi considerada uma das mais apáticas do país, atingido por uma forte recessão econômica.

Sessão eleitoral em Stavropol, na Rússia.
Sessão eleitoral em Stavropol, na Rússia. REUTERS/Eduard Korniyenko
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As primeiras sessões eleitorais foram abertas ainda na noite do sábado (19) na península vulcânica de Kamtchatka, no extremo leste da Rússia, país que tem 11 fusos horários. No entanto, a maioria dos eleitores começou a comparecer às urnas a partir das 7 horas da manhã deste domingo, na região oeste do país, onde se encontram a capital Moscou e outras cidades importantes como São Petersburgo.

Os primeiros resultados de boca-de-urna devem ser divulgados depois do fechamento das urnas em Kaliningrado, por volta das 20 hs, pelo horário local do enclave russo no território europeu.

A campanha legislativa não despertou grande interesse por parte da população russa. A votação, prevista inicialmente para dezembro, foi antecipada pelas autoridades do país em três meses. Boa parte da campanha eleitoral aconteceu durante o verão no hemisfério norte, período de férias na Rússia, o que explicaria apenas em parte a grande apatia dos eleitores.

As eleições legislativas acontecem também em plena crise econômica. A queda dos preços do petróleo, que representa uma parte importante das receitas do Estado, e as sanções ocidentais decretadas após a crise ucraniana, provocaram a mais longa recessão econômica do país desde a entrada de Putin no cenário político, em 1999.

A votação também acontece em um contexto político particular: pela primeira vez as eleições acontecem desde a anexação pela Rússia da Crimeia, ação que desencadeou o conflito separatista no leste da Ucrânia e esfriou a relação dos russos com os países ocidentais. Os moradores da Crimeia vão às urnas pela primeira vez para votar em uma eleição russa.

Campanha eleitoral em Sebastopol, na Crimeia.
Campanha eleitoral em Sebastopol, na Crimeia. REUTERS/Pavel Rebrov

Putin prepara eleição presidencial de 2018?

Vladimir Putin, cujo índice de popularidade recorde chegou a 80%, especialmente depois da anexação da Crimeia, e seu partido Rússia Unida, que domina a Duma, o parlamento russo, acompanham com tranquilidade as eleições. Uma vitória esmagadora, como prevista, deverá abrir o caminho aberto para o presidente russo disputar um eventual 4° mandato, caso decida tentar se manter no cargo na eleição presidencial de 2018.

Os eleitores russos demonstraram um pouco de interesse nos últimos dias pelas eleições deste domingo, mas, segundo o correspondente da RFI em Moscou, Etienne Bouche, os russos não se sentem protegidos pela classe política. Eles estimam que as decisões dos governantes não dependem deles e que os partidos políticos não defendem seus interesses.

Na Rússia, a oposição parlamentar pouco se opõe às decisões do partido de Putin. Apesar do crescente descontentamento devido à crise econômica, a revolta poupa o presidente do país. A maioria dos eleitores deve confirmar o apoio à Rússia Unida, não tanto por convicção, mas pela estabilidade que representa o partido.

No total, são 14 partidos com candidatos nas eleições. Entre eles, há formações bastante críticas ao poder como os partidos liberais Iabloko e Parna. Há mais candidatos de oposição do que nas eleições anteriores, de 2011, mas eles recebem um tratamento desigual ou hostil por parte da maior parte da impressa russa.

Uma mulher respeitada, da corrente liberal, Ella Pamfilova, foi nomeada para comandar a Comissão Eleitoral. O objetivo é evitar uma revolta como a das eleições anteriores e preparar em melhores condições a próxima eleição, em 2018, para escolha do presidente.

 

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