Um dia após naufrágio no Egito, chance de encontrar sobreviventes é mínima
As chances de encontrar sobreviventes do naufrágio na quarta-feira (21) de um barco com até 450 migrantes na costa mediterrânea egípcia diminuíam nesta quinta-feira (22). Cerca de 160 pessoas foram resgatadas até agora. Muitos passageiros, que viajavam clandestinamente para a Europa, estavam no porão da embarcação.
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O número oficial até o momento é de 52 mortos. Mas "o balanço será pior", alertou uma fonte médica. "No barco, há um porão onde se armazena peixe, que ainda não foi aberto. Deve estar cheio de gente dentro", acrescentou o funcionário à AFP. Segundo testemunhos de sobreviventes, uma centena de pessoas viajavam no porão.
O barco de pesca naufragou a 12 quilômetros do litoral de Rosetta, cidade da costa mediterrânea do Egito. As autoridades indicaram que quatro supostos traficantes, todos egípcios, foram detidos, acusados de "tráfico de seres humanos" e "homicídio culposo".
A embarcação afundou devido à sobrecarga, afirmaram os sobreviventes. "Éramos 200, o barco já estava cheio. E chegaram outros 200. A embarcação virou e começou a afundar", contou Ahmed Mohamed, um pintor egípcio de 27 anos, algemado na maca de um hospital. "Era o apocalipse. Todos tentavam sobreviver", disse.
Ainda de acordo com os sobreviventes, as equipes de resgate teriam chegado ao local apenas seis horas depois do acidente.
Costa egípcia é ponto de partida para imigração clandestina
O Egito se converteu recentemente em um ponto de partida para muitos imigrantes ilegais, dispostos a pagar grandes somas de dinheiro para chegar à Europa. Desde o início da primavera no hemisfério norte, centenas de pessoas a bordo de embarcações precárias foram resgatadas ou interceptadas pela Guarda Costeira egípcia.
Dos 163 sobreviventes anunciados pelo exército até agora, 157 estão detidos na delegacia de Rosetta: em sua maioria são egípcios, mas também há sudaneses, somalis e sírios. Segundo o escritório do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur), 10% dos migrantes que chegam à Europa o fazem partindo de barco do Egito. A travessia inclui com frequência perigosas baldeações no meio do mar.
A agência europeia de controle de fronteiras (Frontex) alertou em junho para o número cada vez maior de migrantes que tentam chegar à Europa a partir da costa egípcia. "Neste ano cerca de mil travessias já foram realizadas entre Egito e Itália", havia afirmado o diretor da organização, Fabrice Leggeri. Ele alega que desde o fechamento da rota dos Bálcãs, as partidas são feitas a partir da costa da África do Norte, em particular da Líbia.
Mais de 300 mil migrantes e refugiados cruzaram em 2016 o Mediterrâneo para chegar à Europa, principalmente Itália, segundo o Acnur. Este número é inferior ao registrado nos nove primeiros meses de 2015 (520 mil), mas é superior ao do conjunto de 2014 (cerca de 216 mil).
(Com informações da AFP)
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