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ONU/Guterres

Prometendo mudanças, Guterres presta juramento de posse na ONU

O ex-primeiro-ministro de Portugal António Guterres prestou juramento nesta segunda-feira (12) diante dos representantes dos 193 membros da Assembleia Geral das Nações Unidas. O português, que começará a exercer o cargo de 9º secretário-geral da instituição no dia 1° de janeiro, disse que "a ONU deve estar preparada para mudar".

António Guterres prête serment devant l'Assemblée générale des Nations unies, lundi 12 décembre 2016.
António Guterres prête serment devant l'Assemblée générale des Nations unies, lundi 12 décembre 2016. REUTERS/Lucas Jackson
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Com informações de Sophie Malibeaux

Falando em inglês no início do discurso, Guterres jurou solenemente exercer lealdade e defender os interesses da ONU. "As Nações Unidas nasceram da guerra e hoje devem estar aqui para a paz", declarou o próximo chefe da instituição. Em seguida, ele anunciou que além da segurança, suas prioridades serão o desenvolvimento sustentável e a reforma da entidade.

Guterres assume o cargo no lugar do sul-coreano Ban Ki-moon, que termina seu segundo mandato de cinco anos com um balanço contestado por muitos, principalmente por causa de sua impotência diante da crise síria. E esse contexto aumenta as expectativas sobre a chegada do português.

Para o diplomata Jean-Marc de La Sablière, representante permanente da França na ONU entre 2002 e 2007, o desafio de Guterres não será nada fácil. “Para exercer essa função, o secretário-geral tem que se dar bem com os membros permanentes”, comenta, lembrando que a divisão do Conselho de Segurança sobre as crises na Síria e no Oriente Médio tornam esse exercício delicado. Afinal, o substituto de Ban Ki-moon terá que tentar aproximar Rússia e Estados Unidos sobre esse tema, apesar da imprevisibilidade de ambos os lados a partir da chegada de Donald Trump ao poder.

Transparência da eleição favorece

Porém, alguns observadores são otimistas e apostam na personalidade do ex-premiê para o sucesso de seu mandato. Alexandra Novosseloff, pesquisadora do Centro para a cooperação internacional, estima que “Guterres assume o cargo beneficiando de uma espécie de aura, seja entre os representantes dos Estados-membro ou dentro da própria instituição. Todos os funcionários das Nações Unidas estão muitos contentes com sua eleição”, o que pode ajudá-lo, analisa. Além disso, o português é o primeiro secretário-geral eleito por meio de um processo totalmente transparente, já que até então a escolha era feita por meio de negociações de bastidores, geralmente permeadas pelas tensões dentro do Conselho de Segurança.

Outro aspecto que pesa a favor do novo chefe da ONU é sua experiência dentro da instituição, principalmente após dez anos atuando em zonas de risco para os programas do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). “Guterres é um homem de justiça social”, comenta o diretor-geral do Programa Conjunto da ONU sobre HIV/Aids (Unaids), Michel Sidibé, que trabalhou oito anos ao lado do português. “Ele vai lutar pela democratização, pelo acesso aos recursos para as ONGs e pelas estruturas intermediárias, pois não podemos continuar com o mesmo tipo de governança no sistema das Nações Unidas. É preciso uma abertura para as ONGs e para o setor privado”, analisa.

Os planos do próximo secretário-geral parecem avançar nesse sentido, já que o português terminou seu discurso desta segunda-feira dizendo que "todos nós vivemos em um mundo complexo e que as Nações Unidas não podem fazer tudo sozinhas". Para Guterres, "a parceria deve ser parte central da nova estratégia".
 

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