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Síria/Crise

Mais de 40 mil civis aguardam retomada de operações para saírem de Aleppo

Milhares de civis e rebeldes enfrentam a fome e o frio enquanto aguardam a retomada das operações de retirada dos últimos redutos controlados pelos insurgentes em Aleppo. Um deputado da oposição afirmou que um novo acordo para a evacuação havia sido negociado, mas as autoridades do regime sírio não confirmaram a informação.

Moradores de Aleppo aguardam a retirada de um bairro controlado por rebeldes neste sábado, 16 de dezembro de 2016.
Moradores de Aleppo aguardam a retirada de um bairro controlado por rebeldes neste sábado, 16 de dezembro de 2016. ®REUTERS/Abdalrhman Ismail
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Pelo menos 40 mil civis e entre 1.500 e 5 mil combatentes com suas famílias continuam cercados no enclave rebelde da segunda maior cidade síria, de acordo com o enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura.

No bairro de Al-Amiriyah, controlado em parte pelos insurgentes, e de onde começa o périplo da população a ser evacuada, milhares de pessoas, entre elas crianças, passaram a noite em meio às ruínas dos imóveis. Durante a madrugada a temperatura no local atingiu até 6 graus negativos.

Os moradores estão sem água potável e alimentos e muitos deles sobrevivem comendo tâmaras. Segundo um correspondente da agência AFP no local, muitos moradores queimaram seus pertences para evitar que sejam tomados pelas forças do regime de Bashar Al-Assad.

Regime acusa rebeldes

Na sexta-feira, o exército sírio suspendeu a retirada acusando os rebeldes de não "respeitarem as condições do acordo". Uma fonte militar afirmou que os insurgentes tinham "aberto fogo e mostrado disposição de sacar suas armas e fazer moradores como reféns".

Um comboio com cerca de 800 pessoas evacuadas teve que dar meia volta pelas milícias xiitas pró-regime.

De acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), desde quinta-feira cerca de 8.500 pessoas, sendo 3 mil combatentes, foram retiradas dos territórios controlados pelos rebeldes no oeste de Aleppo.

O diretor da ONG, Rami Abdel Rahmane, indicou outro motivo pela suspensão da operação. Segundo ele, a decisão se deve a um bloqueio por parte dos rebeldes para a retirada de feridos dos vilarejos xiitas Foua e Kafraya na província de Idleb, cercados pelos insurgentes.

"A evacuação deverá ser retomada em Aleppo ao mesmo tempo em que forem retirados de Foua e Kafraya cerca de 4 mil pessoas, entre elas feridos, seus familiares, civis e órfãos", disse Rahmane.

O acordo foi confirmado por um dos responsáveis pelo grupo islâmico Ahrar al-Cham, encarregado das negociações. "Nós estamos trabalhando para uma retomada das operações hoje. Haverá retiradas em Foua e Kafraya, assim como em Madaya e Zabadani. Todos os moradores de Aleppo e os combatentes poderão partir", garantiu Al-Farouk Abou Bakr.

Diplomacia ainda tenta

Depois de vários anos de bombardeios e um bloqueio que dura mais de quatro meses, uma ofensiva violenta lançada em meados de novembro permitiu ao exército sírio e milícias aliadas retomar cerca de 90% dos bairros de Aleppo controlados pelos rebeldes desde 2012.

Os ataques aéreos do regime deixaram centenas de mortos e obrigaram mais de 100 mil pessoas a deixar suas casas e fugir. Segundo o chefe da unidade de médicos voluntários que coordena a retirada, pelo menos 500 feridos ou doentes deixaram Aleppo desde a última quinta-feira.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que supervisiona a operação, afirma que está investigando "informações sobre tiros".

Em sua última conferência de imprensa de 2016, o presidente Barack Obama afirmou que o mundo inteiro esta unido "no horror diante da ofensiva selvagem comandada pelo regime sírio e seus aliados russos e iranianos contra a cidade de Aleppo". Obama pediu o envio de observadores internacionais independentes para coordenar as retiradas.

O governo francês apresentou um projeto de resolução sobre o assunto no Conselho de Segurança da ONU, mas a Rússia, aliada do regime sírio, mostrou reticências. O embaixador francês nas Nações Unidas garante que "uma maioria esmagadora" dos 15 membros do Conselho estaria a favor do texto, que poderá ser votado ainda no final de semana.

(Com informações da AFP)

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