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Nativos da Namíbia cobram Alemanha por genocídio durante período colonial

Representantes dos povos nativos da Namíbia apresentaram em um tribunal de Nova York uma ação coletiva contra a Alemanha para obter indenizações pelo genocídio contra seu povo cometido pelos governantes alemães coloniais há um século.

Sobreviventes namíbios liberados de campo de concentração alemão
Sobreviventes namíbios liberados de campo de concentração alemão Wikimedia Commons
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A ação movida na quinta-feira (5) pelos povos Ovaherero e Nama também solicita que os seus representantes sejam incluídos nas negociações entre a Alemanha e a Namíbia sobre a questão.
Os dois países têm discutido uma declaração conjunta sobre os massacres de 1904-1905.

Embora tenha reconhecido que aconteceu um genocídio, a Alemanha se recusa a pagar reparações diretas, invocando a ajuda de centenas de milhões de euros ao país desde que a Namíbia se tornou independente da África do Sul em 1990, entregue "para o benefício de todos os namíbios".

Os requerentes disseram que apresentaram uma ação coletiva "em nome de todos os Ovaherero e Nama do mundo, buscando reparações e indenizações pelo genocídio" sofrido nas mãos das autoridades coloniais alemãs.

Em Berlim, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Martin Schaefer, disse que seu gabinete não viu a ação e, portanto, não poderia comentar sobre o seu conteúdo.

Contudo, ele ressaltou que as negociações iniciadas há dois anos com Windhoek sobre uma declaração conjunta estão avançando em um "caminho comum" nessa questão.

100 mil namíbios morreram

A disputa remonta ao final do século 19 e início do século 20, quando a África do Sudoeste, agora conhecida como Namíbia, era colônia alemã.

A ação alega que, de 1885 a 1903, quase um quarto das terras Ovaherero e Nama, de milhares de Km², foi usurpado sem compensação por colonos alemães, com o consentimento explícito das autoridades coloniais.

Também afirma que essas autoridades fecharam os olhos para as violações perpetradas pelos colonos alemães contra meninas e mulheres Ovaherero e Nama e para o uso de trabalho forçado.

As tensões eclodiram no início de 1904, quando os Ovaherero se rebelaram, seguidos pelos Nama, em um levante esmagado pelas tropas alemãs imperiais. Cerca de 100 mil pessoas morreram na campanha de aniquilação liderada pelo general alemão Lothar von Trotha.

Entre os signatários da ação estão Vekuii Rukoro, principal líder do povo Ovaherero; David Frederick, presidente da Associação das Autoridades Tradicionais Nama; e a Associação pelo Genocídio Ovaherero nos Estados Unidos, uma organização sem fins lucrativos.
 

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