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Imprensa

Ataque químico mostra que situação da Síria é intolerável, diz Libération

Uma imagem chocante, de corpos empilhados de crianças vítimas do ataque químico na Síria, estampa a capa do jornal Libération desta quinta-feira (6), que chama a atenção para a situação “intolerável” no país de Bashar Al-Assad.

Manchete do jornal Libération desta quinta-feira (6) sintetiza o horror vivido pelos sírios, vítimas do ataque químico que matou 86 civis, entre eles 30 crianças em uma cidade do norte da Síria.
Manchete do jornal Libération desta quinta-feira (6) sintetiza o horror vivido pelos sírios, vítimas do ataque químico que matou 86 civis, entre eles 30 crianças em uma cidade do norte da Síria.
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Foram 74 mortos de um bombardeio na cidade de Khan Cheikoun, na província de Idlib, segundo a publicação. Especialistas e relatos de testemunhas não deixam dúvidas de que se trata de um ataque químico e as alegações da Rússia que justificariam a ação do regime de Al-Assad não resistem aos fatos apurados, garante Libération.

O jornal exibe em sua reportagem uma segunda foto, captada de imagens de câmeras de vídeo, na qual corpos de adultos, homens e mulheres, estão espalhados pelo chão.

Além dos mortos, outras 500 pessoas também foram contaminadas com gases tóxicos. Entre elas, muitas crianças que aparecem com espuma branca saindo pela boca. “As imagens que deram a volta ao mundo são insuportáveis”, insiste o diário francês.

Damasco conta com o apoio de Moscou

A comunidade internacional condenou imediatamente o ataque químico visando uma cidade entre Idlib e Hama, região controlada pela oposição e apontou a responsabilidade do regime sírio. No entanto, Damasco como sempre negou e teve, o apoio de seu grande aliado: o governo russo.

Libération reproduz o comunicado do Ministério russo da Defesa, explicando que o bombardeio da aviação síria visou um depósito de armas químicas e equipamentos militares de terroristas. Eles fabricariam no local armas químicas destinadas ao Iraque, segundo a versão de Moscou.

O jornal informa ter checado com várias fontes que tiveram contato com os habitantes de Khan Cheikoun para contestar a afirmação dos russos. Libération cita o relato de um ex-médico de guerra francês Raphaël Pitti que esteve 18 vezes na Síria em missão de atendimento a vítimas e formação de médicos, enfermeiros e outros profissionais que atuam em situação de emergência.

Segundo fontes ouvidas por Pitti, os ataques foram realizados enquanto a maioria da população dormia e os primeiros socorristas que chegaram ao local do ataque não duvidam que foram usados agentes químicos, e eles também acabaram contaminados.

“O pior é a impotência”

O primeiro míssil foi lançado no meio de uma rua. Não provocou muitos estragos, mas liberou um gás que se espalhou por uma região da cidade, explicou ao jornal o fotógrafo Ammar Abdullah, que chegou ao local pouco mais de uma hora após o ataque. Suas fotos foram publicadas por veículos por todo o mundo, provocando uma onda de indignação.

Um porta-voz da oposição garante que é a primeira vez que caças modelo Sukhoi 22, de fabricação russa, com mísseis contendo gás sarin foram lançados em uma ação massiva para matar. Até então, ataques eram realizados com helicópteros para lançar cloro, afirmou Ibrahim al-Idilbi.

Em editorial, Libération diz que a foto das crianças asfixiadas lembra ao mundo que um povo inteiro está sendo massacrado em meio a um silêncio geral. "Há seis anos, covardia e impotência impedem o fim de uma guerra que já deixou 400 mil mortos. O pior é a impotência e a vergonha não tem fim", conclui o jornal.

Reações

Le Figaro destaca as reações do presidente americano sobre o ataque químico e constata que Donald Trump “subiu o tom” contra Assad ao analisar as declarações de que a operação “não pode ficar impune” e de que sua atitude em relação ao líder sírio “mudou”.

O jornal lembra que entre 2013 e 2014 Trump publicou vários tuítes pedindo para Barack Obama “ficar de fora da Síria”, pois o país não seria “um problema” dos Estados Unidos. O ataque fez o republicano mudar a abordagem e sugerir uma resposta ao regime sírio, sem dar detalhes de suas intenções e nem falar em consequências.

Trump não detesta outra coisa mais do que mostrar uma imagem de fraqueza ou impotência, escreve o correspondente do Le Figaro em Washington.
 

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