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Irã

Ahmadinejad tenta voltar ao poder e se candidata à presidência no Irã

 O ex-presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad registrou sua candidatura às eleições presidenciais de 19 de maio. Porém, o polêmico conservador afirma que não tem a intenção de voltar a ocupar o cargo e sim apoiar a candidatura de seu irmão, o ex-vice-presidente Hamid Baghaie.

O ex-presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad em 2012, durante uma de suas polêmicas intervenções nas Naçoes Unidas
O ex-presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad em 2012, durante uma de suas polêmicas intervenções nas Naçoes Unidas REUTERS/Brendan McDermid
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Em setembro do ano passado, Ahmadinejad anunciou que não seria candidato, depois de uma intervenção do guia supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, que o dissuadiu de concorrer para evitar "a bipolarização nociva" no país. Porém, nesta quarta-feira (12) o ex-chefe de Estado, afastado da política desde que deixou o cargo em 2013, se apresentou no ministério do Interior para fazer sua inscrição oficial como candidato.

"O guia supremo me aconselhou a não participar nas eleições e eu aceitei (...) Eu o respeito. Meu registro visa apenas a apoiar a candidatura de meu irmão Hamid Baghaie", declarou Ahmadinejad, que foi presidente por dois mandatos, de 2005 a 2013. O ex-chefe de Estado destacou que o conselho do guia supremo não foi uma proibição para que ele disputasse a eleição.

Baghaie, que foi vice-presidente de Ahmadinejad, anunciou sua candidatura em fevereiro e afirmou que não pertence a nenhuma ala política. Em junho de 2015, ele foi detido e passou sete meses na prisão, mas os motivos não foram divulgados.

O registro de candidaturas começou na terça-feira (11) e prosseguirá até sábado. Todos os iranianos podem se apresentar como candidatos.

Nesta quarta, 197 pessoas já estavam inscritas, entre elas oito mulheres. Mas até agora, o Conselho de Guardiões da Constituição não autorizou que qualquer mulher se apresentasse à eleição presidencial. Este órgão, controlado pelos religiosos conservadores, deve aprovar a lista dos candidatos selecionados até 27 de abril.

Conservadores procuram um candidato forte

O presidente moderado Hassan Rohani, eleito em 2013 com o apoio dos moderados e reformadores, deve tentar se reeleger. Já no campo conservador, na falta de uma personalidade-chave, criou-se em dezembro um grupo chamado "Frente Popular das Forças da Revolução Islâmica", com o objetivo de indicar um candidato único.

Este grupo estabeleceu uma lista reduzida de cinco personalidades antes de eleger seu candidato final, que poderá ser Ebrahim Raisi, um religioso conservador que conta com um sólido apoio. Também figura nesta lista o prefeito de Teerã, Mohamad Bagher Ghalibaf.

Para o analista Farzan Saber, do Center for International Security and Cooperation, na Universidade de Standford, a candidatura de Ahmadinejad é um choque. "Talvez ele queira desafiar o Conselho de Guardiões da Constituição e, no caso de Hamid Baghaie ser desclassificado, ele permaneceria na disputa", avalia.

Segundo o especialista, será difícil para o Conselho desclassificar Ahmadinejad, que foi presidente por oito anos. Mas, para vários conservadores, o ex-chefe de Estado cruzou a linha vermelha. "Ele assinou sua sentença de morte política", escreveu Said Ajorlu, que dirige a revista conservadora Mosalas.

Polêmicas sobre Israel e programa nuclear marcaram mandatos de Ahmadinejad

A presidência de Ahmadinejad foi marcada pelo confronto com as grandes potências sobre o programa nuclear iraniano, e suas declarações intempestivas contra Israel e o Holocausto.

Os Estados Unidos e os países europeus impuseram no início de 2012 fortes sanções contra o Irã para levá-lo à mesa de negociações e com o objetivo de limitar seu programa nuclear. Isso provocou uma grave crise econômica e uma inflação superior a 40%, além de uma forte queda do valor da moeda nacional frente ao dólar.

Durante seu segundo mandato, Ahmadinejad se afastou dos conservadores, que o criticavam cada vez mais, especialmente por sua gestão econômica.

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