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Rússia/condenação

Corte Europeia dos Direitos Humanos condena Rússia pelo ataque de Beslan em 2004

A Rússia poderia ter evitado o ataque à escola de Beslan, em 2004, e demonstrou graves deficiências na gestão da crise dos reféns. Esta foi a conclusão apresentada nesta quinta-feira (13) pela Corte Europeia dos Direitos Humanos (CEDH), 12 anos após a morte de mais de 330 civis, incluindo 186 crianças.

Homenagem às vítimas do massacre de Beslan, no ginásio que foi incendiado.
Homenagem às vítimas do massacre de Beslan, no ginásio que foi incendiado. REUTERS/Eduard Korniyenko
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A CEDH, instância do Conselho da Europa com sede em Estrasburgo, considerou que as autoridades russas da época “dispunham de informações precisas sobre um plano de ataque terrorista na região, vinculado ao início do ano letivo". O veredicto conclui que as medidas preventivas tomadas foram insuficientes. O julgamento foi descrito como "inaceitável" pela Rússia, condenada a pagar € 3 milhões aos requerentes

"Nem a administração da escola nem o público presente na cerimônia da volta às aulas foram avisados da ameaça", argumentaram os juízes. "As autoridades não conseguiram adotar medidas para prevenir ou reduzir um risco conhecido", ressaltaram. Cerca de 409 cidadãos russos, entre reféns e feridos, além de familiares das vítimas, prestaram queixa se apoiando em testemunhos sobre a atuação dos soldados russos.

No dia 1 de setembro de 2004,cerca de trinta rebeldes armados pró-Chechênia invadiram a escola localizada na Ossétia do Norte e fizeram 1.200 pessoas como reféns. Vários foram executados e o ginásio onde haviam sido reunidos foi minado de explosivos. Sem avanço nas negociações, as autoridades russas decidiram invadir o local.

Desabamento

Às 13 horas, após duas explosões no ginásio, alguns reféns tentaram fugir. Mas os rebeldes dispararam contra eles, provocando um tiroteio com as forças de segurança. Logo depois, o centro de comando instalado nas proximidades ordenou a invasão. Enquanto isso, os rebeldes que sobreviveram às explosões reuniram cerca de 300 reféns no ginásio para levá-los para outro lugar, de acordo com o relato dos acontecimentos da CEDH.

Os mortos, feridos e traumatizados permaneceram no ginásio. As chamas se propagaram e o teto desabou por volta das 15h30", escreveu a Corte. "À custa de intensos combates, as forças especiais conseguiram resgatar os reféns sobreviventes". No final do assalto, mais de 330 pessoas morreram e 700 ficaram feridas. Entre os soldados, 12 foram mortos.

A ação, segundo o tribunal europeu, não foi suficientemente planejada. Houve falhas da estrutura de comando e a falta de coordenação teria contribuído para "o desfecho trágico". O assalto do exército russo, realizado após 50 horas da tomada de reféns, contou com "um uso massivo de explosivos e armas sem discernimento que não pode ser considerado absolutamente necessário", estimou a Corte.

A justiça russa estabeleceu que não houve relação entre a atuação das forças de ordem e os "resultados negativos" do assalto. Os policiais de Beslan foram anistiados, e os da polícia inguche foram absolvidos das acusações de negligência. Apenas um dos sequestradores sobreviveu. Ele foi condenado em 2006 à prisão perpétua.

(Com informações da AFP)

 

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