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Linha Direta

Reino Unido é acusado de ignorar riscos de ciberataque

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O governo do Reino Unido foi acusado de ter ignorado vários alertas de especialistas sobre o risco de ciberataques no sistema público de saúde do país. O NHS (National Health System) foi uma das entidades atingidas pelo ataque com o vírus WannaCry, que bloqueou mais de 200 mil computadores em até 150 países, na última sexta-feira.

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Maria Luísa Cavalcanti, correspondente da RFI no Reino Unido

O ataque congelou computadores em 47 subdivisões do NHS em toda a Inglaterra, inclusive no maior hospital do país, o Royal London, na capital britânica. Com isso, centenas de cirurgias, consultas, exames e tratamentos de rotina, como quimioterapia e hemodiálise, tiveram de ser cancelados e muitos pacientes deram com a cara na porta desde sexta-feira. Também houve problemas na distribuição de medicamentos, que também é controlada digitalmente. Cirurgias e tratamentos de rotina tiveram de ser cancelados nos últimos dias e o sistema continua afetado nesta terça-feira, ainda que em menor grau.

Esses cancelamentos ainda estão provocando caos em todo o sistema nesta terça-feira (16), e especialistas acreditam que a situação deve se normalizar completamente apenas dentro de algumas semanas. A boa notícia é que um novo pico de congelamentos de computadores esperado para a segunda-feira acabou não se concretizando. O NHS emitiu um comunicado pedindo aos pacientes que já tinham consultas, exames e tratamentos agendados para esta terça-feira compareçam como previsto.

O ciberataque atingiu o NHS em plena campanha para as eleições gerais, marcadas para o próximo dia 8 de junho. A situação do sistema público de saúde, que atualmente vive uma crise de financiamento, é um dos pontos cruciais desta corrida eleitoral. Quando ficou clara a extensão mundial do ataque, a primeira-ministra britânica, Theresa May, lembrou que o NHS não foi o único alvo do vírus WannaCry, que também atingiu computadores de órgãos públicos e empresas em outros países.

May afirmou ainda que o ataque não comprometeu nem vazou os dados pessoais e as fichas médicas dos milhões de pacientes do sistema público. No entanto, na segunda-feira, veio a público a informação de que os órgãos que regulamentam e oferecem os serviços de segurança digital para o NHS já tinham alertado o governo sobre a vulnerabilidade da rede em julho do ano passado. Não demorou para os membros da oposição, além dos próprios sindicatos de funcionários do NHS, começarem a atribuir o fato de o sistema ter sido atingido porque está carente de recursos por causa dos cortes de financiamento promovidos nos últimos anos pelo governo conservador de David Cameron e de Theresa May.

Secretário de saúde britânico promete digitalização total

O secretário de saúde, Jeremy Hunt, foi bastante criticado também por não ter se pronunciado sobre o ataque durante todo o fim de semana. Em 2013, Hunt prometeu que o NHS seria totalmente digital até o ano que vem, mas há alguns meses admitiu que isso não deve ocorrer porque a tecnologia de seus sistemas é “fraca”.

Ontem ele negou que a crise de financiamento do NHS esteja por trás da vulnerabilidade do sistema, defendendo que não houve cortes nos investimentos em segurança digital. Por causa dessas contradições, o ciberataque já está servindo de munição para os partidos de oposição nesta campanha. O líder trabalhista, Jeremy Corbyn, foi categórico ao dizer que o ataque foi uma consequência direta do corte de recursos no NHS.

Agora surgiu a notícia de que foi um britânico quem ajudou a conter o ciberataque durante o fim de semana. O que se sabe sobre ele. Marcus Hutchins é um jovem de 22 anos que mora na casa dos pais no condado de Devon, no litoral sul da Inglaterra. Ele não tem curso universitário, mas é um desses gênios da computação. Na noite de sexta-feira, ele anunciou pelo Twitter que conseguiu parar o vírus WannaCry por acaso.

Ele descobriu, por tentativa e erro, que o vírus se conecta a um endereço remoto na internet para poder sequestrar arquivos. Hutchins encontrou uma maneira de neutralizar o vírus direcionando-o para um endereço que ele adquiriu na internet. Há relatos de que agora o jovem está trabalhando diretamente com a principal agência de inteligência britânica responsável pela espionagem e contraespionagem das comunicações digitais.
 

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