Morre Noriega, ex-ditador do Panamá
O ex-ditador Manuel Antonio Noriega, que dirigiu o Panamá entre 1983 e 1989, morreu nesta segunda-feira (29), aos 83 anos. Ele estava internado em um hospital desde março, depois de ser operado para a retirada de um tumor no cérebro.
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Noriega deixou a prisão "El Renacer", às margens do Canal do Panamá, no final janeiro para ser operado de um tumor benigno no hospital público São Tomás, da capital panamenha. Ele teve uma hemorragia cerebral depois da cirurgia, feita em março, e precisou passar por uma nova intervenção.
Depois de duas operações em oito horas, seu estado permaneceu crítico e ele não conseguiu se recuperar. Segundo o médico do ex-ditador, Eduardo Reyes, o tumor cresceu mais do que o esperado, o que acelerou a necessidade de uma cirurgia para evitar danos ao sistema cerebral, apesar do alto risco.
Os parentes solicitaram a concessão do benefício da prisão domiciliar definitiva para Noriega, que sofreu vários derrames cerebrais, complicações pulmonares, câncer de próstata e depressão, mas todas as demandas foram rejeitadas.
“A morte de Manuel A. Noriega fecha um capítulo de nossa história. Suas filhas e seus familiares merecem um enterro em paz", escreveu o atual presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, em sua conta no Twitter. O advogado de Noriega, Ezra Ängel, pediu "respeito à intimidade dos familiares".
Ex-aliado dos EUA
Noriega, condenado por mortes e desaparecimentos, chegou a ser fonte da CIA, mas passou de aliado dos Estados Unidos a inimigo vinculado ao narcotráfico. O ex-presidente americano George H. W. Bush (1989-1992), ex-diretor da CIA, ordenou a invasão do Panamá em 20 de dezembro de 1989 para capturar Noriega. A operação, conhecida como "Justa Causa", deixou oficialmente 500 mortos. Algumas ONGs, no entanto, citam mais de milvítimas fatais. Noriega sempre negou participação nos crimes.
Derrubado após a violenta invasão militar americana, Noriega, que estava refugiado na Nunciatura, se entregou em 3 de janeiro 1990. Foi condenado nos Estados Unidos a 40 anos de prisão por narcotráfico e lavagem de dinheiro neste país, mas cumpriu apenas quase metade da pena por bom comportamento.
Em 2010 foi extraditado para a França por lavagem de dinheiro e um ano depois extraditado ao Panamá, onde foi condenado a três penas de 20 anos de prisão cada pelo desaparecimento e assassinato em 1985 do opositor Hugo Spadafora; do militar Moisés Giroldi, morto após uma rebelião contra seu governo em 1989; e pelo massacre de Albrook, no qual vários militares morreram após uma revolta no mesmo ano.
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