Acessar o conteúdo principal
Homofobia

Anistia Internacional mobiliza mais de meio milhão contra homofobia na Chechênia

A Anistia Internacional organiza um evento nesta sexta-feira (1) em solidariedade às vítimas de perseguição homofóbica na Chechênia, que já teria custado a vida a dezenas de pessoas. Um abaixo-assinado será entregue na embaixada da Rússia em Paris.

Ação da Anistia Internacional em Paris contra a homofobia na Chechênia.
Ação da Anistia Internacional em Paris contra a homofobia na Chechênia. Christophe Meireis/Anistia Internacional
Publicidade

A mobilização começou após a divulgação feita no início de abril pelo jornal independente russo Novaya Gazeta de que mais de 100 homens teriam sido capturados em uma ação coordenada visando homossexuais. As vítimas teriam sido torturadas e várias delas assassinadas.

Diante da denúncia, a Anistia Internacional lançou uma campanha de mobilização mundial, que resultou no abaixo-assinado. “Apenas na França nós recolhemos mais de 120 assinaturas em alguns dias. Já no âmbito mundial nós ultrapassamos 650 mil assinaturas”, afirma Cécile Coudriou, vice-presidente da ONG na França em entrevista à RFI. “O evento em Paris representa a entrega da petição mundial.”

“Essa entrega do abaixo-assinado será certamente simbólica, pois o embaixador da Rússia não vai abrir suas portas para a Anistia Internacional. Mas nós fazemos questão de nos exprimir diante da representação diplomática e mostrar que a mobilização foi um sucesso”, comenta a vice-presidente da ONG.

A Anistia espera, com este ato, chamar a atenção da imprensa e tentar mobilizar as autoridades russas. “Como o presidente checheno Ramzan Kadyrov está mais propenso a negar os fatos, apenas com uma pressão contínua da parte de Vladimir Putin poderemos conseguir uma verdadeira investigação sobre os abusos cometidos contra as pessoas LGBT na Chechênia”, continua a vice-presidente. Kadyrov nega a existência de homossexuais na república autônoma de maioria muçulmana, mas que faz parte da Rússia.

Durante a visita do chefe de Estado russo a Paris na semana passada, o presidente francês Emmanuel Macron levantou a questão das denúncias. Após o encontro, o representante do Kremlin teria prometido “a verdade completa” sobre a repressão de homossexuais na Chechênia. 

ONG evita expressão “campo de concentração gay”

Logo após a divulgação das denúncias pela Novaya Gazeta, a imprensa internacional começou a classificar a situação na Chechênia de “campo de concentração gay”. A Anistia evita o uso desse termo, mas confirma a gravidade dos fatos. “Segundo nossas informações e os testemunhos, inclusive de associações LGBT russas, tivemos conhecimento da existência de centros de detenção secretos nos quais houve realmente tortura visando homossexuais. Muitos deles morreram e, ainda de acordo com esses testemunhos, todos anônimos, pelo menos 26 pessoas foram assassinadas. É uma situação assustadora que deve cessar”.

Enquanto se espera uma investigação, alguns chechenos que se sentem perseguidos começam a deixar o país. Segundo a imprensa local, cerca de 40 pessoas conseguiram fugir da Chechênia com a ajuda de ONGs locais de defesa da causa LGBT. “Um deles já foi recebido na França e dois outros na Lituânia”, conta Cécile Coudriou.

Para ela, a comunidade internacional deve acolher essas pessoas, que “correm risco de vida”. “Considerando as informações que temos sobre a maneira como os homossexuais são tratados atualmente, com torturas, prisões arbitrárias, intimidação permanente, ameaças de morte e assassinatos, é indispensável que o direito de asilo seja respeitado. Uma pessoa vítima de perseguição em seu país é um refugiado”, conclui.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.