Multidão grita "morte aos EUA" em funeral de vítimas de atentados no Irã
Aos gritos de "morte aos Estados Unidos" e "não temos medo", dezenas de milhares de pessoas participaram nesta sexta-feira (9) do funeral em Teerã das vítimas dos primeiros atentados realizados no Irã pelo grupo Estado Islâmico (EI).
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A multidão seguiu em procissão o caminhão que transportava pelas ruas da capital iraniana os caixões de 15 das 17 pessoas mortas nos ataques que, na quarta-feira (7), visaram dois locais altamente simbólicos, o Parlamento e o mausoléu do imã Khomeini, fundador da República Islâmica. As outras duas vítimas foram enterradas no interior.
O cortejo saiu do centro de Teerã e seguiu até o cemitério Behesht-e Zahra, perto do mausoléu de Khomeini, a cerca de 20 km.
Pouco antes, o guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, enviou uma mensagem de condolências às famílias das vítimas, afirmando que os ataques só "reforçam o ódio contra o governo dos Estados Unidos e seus agentes na região, como o governo saudita".
Em uma cerimônia no Parlamento, na presença do presidente Hassan Rouhani, o presidente da Assembleia, Ali Larijani, também atacou a Arábia Saudita, descrevendo o reino de "Estado tribal muito longe da democracia".
Ele também denunciou as sanções de Washington contra Teerã, especialmente relacionadas ao seu programa de mísseis balísticos.
“Os EUA sabem que a Guarda Revolucionária (o exército de elite do regime) e sua força Qods (para operações externas) são as forças regionais mais importantes que lutam contra os terroristas", disse Larijani, que prometeu uma "resposta terrível".
A Guarda Revolucionária acusou Washington e Riad de estarem "envolvidos" nos atentados de quarta-feira.Mas o ministro da Inteligência, Mahmud Alavi, indicou que é muito cedo para "julgar se a Arábia Saudita teve participação".
Caça aos cúmplices
O ministro afirmou que a caça aos cúmplices dos autores dos atentados e de outros extremistas continua e que "muitos deles" foram "identificados".
O local onde se reuniam e se escondiam foi localizado e "equipamentos, aparelhos e cintos de explosivos" foram encontrados, disse Alavi.
Além disso, um carro abandonado com pelo menos 22 armas foi descoberto na província de Kermanshah, perto da fronteira com o Iraque (noroeste), de acordo com a agência de notícias Irna.
Os ataques de quarta-feira, que também deixaram 50 feridos, foram cometidos por cinco homens armados, incluindo homens-bomba que se explodiram. Eles eram todos iranianos, membros do EI e teriam atuado na Síria e no Iraque antes de retornarem ao Irã.
“Reação repugnante"
O Irã apoia os governos da Síria e do Iraque no combate aos rebeldes e extremistas islâmicos, incluindo o EI.
O grupo extremista publicou em março um vídeo em persa dizendo que o grupo ia "conquistar o Irã e devolvê-lo à nação muçulmana sunita", matando os xiitas.
Embora regiões próximas às fronteiras com o Iraque, o Afeganistão e o Paquistão tenham sido atacadas pelos grupos extremistas, entre eles o EI, os grandes centros urbanos se mantiveram à margem desses atentados até agora. Os extremistas sunitas do EI consideram o Irã xiita apóstata.
E, apesar de Washington combater igualmente os extremistas islâmicos, o presidente americano, Donald Trump, disse em um breve comunicado que reza pelas "vítimas inocentes" dos ataques, mas que "os Estados que apoiam o terrorismo se arriscam a se tornar vítimas do mal que promovem".
Desde a posse do presidente Trump em janeiro, as relações pioraram entre Washington e Teerã, que romperam relações diplomáticas após a Revolução Islâmica de 1979.
O governo dos Estados Unidos impôs novas sanções contra o Irã por seu apoio a supostos grupos "terroristas" no Oriente Médio, seus testes de mísseis balísticos e suas violações dos direitos humanos.
Em uma recente viagem à Arábia Saudita, grande rival sunita do Irã xiita, Trump havia chamado todas as nações "a isolar o Irã".
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