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Há 10 anos sob domínio do Hamas, Gaza enfrenta violência e penúria

Falta de energia elétrica, desemprego, disputas entre palestinos revividas, a violência nunca deixou a Faixa de Gaza, dominada com mão de ferro há dez anos pelo grupo islâmico Hamas.  

Sem energia elétrica, mulher prepara comida à luz de velas em Gaza em 12 de junho de 2017
Sem energia elétrica, mulher prepara comida à luz de velas em Gaza em 12 de junho de 2017 REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa
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Em 15 de junho de 2007, o movimento islâmico assumiu o controle do pequeno território de Gaza, encravado entre Israel, Egito e o Mediterrâneo,quase deslanchando uma guerra civil com seu rival Fatah. Dez anos depois, o bloqueio israelense segue em vigor, a fronteira egípcia está fechada e três guerras opuseram Israel ao Hamas e seus aliados locais.

"Aqueles que pagam o preço mais elevado, são os habitantes de Gaza", afirma o ativista de direitos Humanos Hamdi Chaqura, enquanto a reconstrução do enclave se arrasta. Quase metade da força de trabalho está desempregada e mais de três quartos dos habitantes dependem de ajuda humanitária.

O fechamento das fronteiras e a destruição de grande parte dos túneis de contrabando para o Egito afundaram a economia de Gaza, uma crise agravada pela divisão política e geográfica resultante do confronto entre o Hamas e a Autoridade Palestina.

Estabelecida a algumas dezenas de quilômetros de distância, na Cisjordânia ocupada, a Autoridade parece ter decidido pressionar o Hamas: em abril, reduzindo a remuneração do seu pessoal que permaneceu em Gaza. Assim, em pleno mês do Ramadã, habitualmente bom para o comércio, o marasmo reina.

Economia estagnada

Desde que os funcionários públicos pararam de fazer girar os mercados a economia estacionou e o fornecimento de energia elétrica está comprometido. Até os habitantes com melhores condições de vida não têm mais do que três ou quatro horas de eletricidade por dia. O fornecimento de energia na Faixa é um assunto polêmico. O Hamas exige que a Autoridade Palestina pague pela eletricidade, o que a Autoridade rejeita".a

Mesmo assim, Israel, principal fornecedor de energia para o território, irá reduzir o fornecimento. Por iniciativa da Autoridade Palestina, segundo as autoridades israelenses, que cooperam com ela enquanto o Hamas é para eles, como é para os Estados Unidos e para a União Europeia, uma organização "terrorista".

Os moradores de Gaza correm o risco de ter apenas duas horas de eletricidade por dia. Neste cenário, os hospitais e instalações de tratamento de água podem parar. Significa um "colapso do sistema" que ameaça todo o território, adverte o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

Até agora, o Catar, que apoia o Hamas, injetava fundos a cada crise. O rico emirado também assegurava a construção ou reconstrução de grande parte da infraestrutura e recentemente lançou a construção de novas cidades. Mas Doha enfrenta atualmente uma grave crise diplomática. Seus vizinhos do Golfo fazem pressão para que rompa relações com os movimentos que considera "terroristas" e o Hamas.

Neste caso, "os grandes perdedores, somos nós. Somos nós que pagaremos o preço", prevê Ahmed Youssef, um líder do Hamas que pede diálogo e moderação.

Em maio, o Hamas incluiu esta moderação ao seu texto fundador, acrescentando um documento político que, como esperam seus líderes, lhe permitiria voltar para o jogo das negociações internacionais.
Mas, enquanto perdeu nos últimos anos o apoio da Síria e do Egito, o Hamas, mais isolado do que nunca, deve agora lidar com a Autoridade Palestina, pressionada pela Arábia Saudita e Egito.

Em um ambiente onde, para os jovens, "a morte é melhor do que viver", nas palavras de Ahmed Youssef, a eletricidade tem sido nos últimos anos o único assunto que provocou protestos anti-Hamas, imediatamente reprimidos. Agora, a questão é saber se o Hamas irá desviar as tensões internas contra Israel.

Qual é a posição de Israel?

Ambos os lados observam desde 2014 um cessar-fogo à espera do próximo confronto. "A bola está no campo do Hamas", disse o ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, assegurou que não deseja uma "escalada" com o Hamas, apesar da decisão de seu governo de reduzir o fornecimento de eletricidade à Faixa de Gaza, controlada pelo movimento islâmico palestino. Esta medida levanta preocupações sobre um possível confronto entre Israel e o Hamas, que na segunda-feira advertiu contra o perigo de uma "explosão", enquanto dois milhões de palestinos vivem reclusos no território sob bloqueio e já enfrentam uma grave escassez de energia.

O governo israelense decidiu no domingo (11) reduzir o fornecimento diário de energia à Faixa de Gaza em três quartos de hora, uma hora, ou 35%, dependendo da fonte.

(Informações AFP)
 

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