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Israel protesta após Unesco reconhecer Hebron como patrimônio mundial

A Unesco declarou nesta sexta-feira (7) a área antiga da cidade de Hebron, na Cisjordânia ocupada, "zona protegida" do patrimônio mundial. Israel criticou a "politização da organização".

Palestinos na entrada da Mesquita de Ibrahim, chamada pelos judeus de Túmulo dos Patriarcas
Palestinos na entrada da Mesquita de Ibrahim, chamada pelos judeus de Túmulo dos Patriarcas REUTERS/Mussa Qawasma
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Com 12 votos a favor, três contra e seis abstenções, o comitê da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), reunido na cidade polonesa da Cracóvia, decidiu incluir o centro histórico de Hebron em duas listas: a do Patrimônio Mundial e a do Patrimônio em Perigo. O tema foi a disputa mais recente levada ao organismo internacional por palestinos e israelenses.

"Esta votação é um êxito para a batalha diplomática travada pelos palestinos em todas as frentes, ante a pressão israelense e americana sobre os Estados membros", afirmou o ministério das Relações Exteriores palestino, em um comunicado. "Apesar da campanha israelense, frenética de mentiras, e a distorção dos fatos sobre os direitos dos palestinos, o mundo reconheceu o nosso direito de incluir Hebron e a Mesquita de Ibrahim sob a soberania palestina", acrescentou o ministério.

Doze membros do Comitê da Unesco votaram a favor da inscrição, seis se abstiveram e três votaram contra. Em razão das abstenções, a maioria necessária era de dez votos.

Os palestinos afirmam que a cidade antiga de Hebron está ameaçada por um aumento "alarmante" do vandalismo contra propriedades palestinas na região, atos que atribuem aos colonos israelenses. Por este motivo, solicitaram à Unesco que declarasse a área antiga "zona de valor universal excepcional".

Para Israel, uma injustiça

Hebron tem uma população de 200.000 palestinos e algumas centenas de colonos israelenses, que vivem em um território protegido por soldados perto do local sagrado que os judeus chamam de Túmulo dos Patriarcas, e os muçulmanos, de Mesquita de Ibrahim. "A decisão da Unesco sobre Hebron e o Túmulo dos Patriarcas é uma mancha moral. Esta organização irrelevante promove uma história falsa. Vergonhoso para a Unesco", escreveu no Twitter o porta-voz da diplomacia de Israel, Emmanuel Nahshon.

As autoridades israelenses consideram que a resolução sobre Hebron, que classifica a cidade de "islâmica", nega uma presença judaica de 4.000 anos na região. O Túmulo dos Patriarcas é considerado o local que contém os restos mortais de Abraão, pai das três religiões monoteístas, de seu filho Isaac, seu neto Jacó e suas esposas Sara, Rebeca e Lia.

Antes da votação, o ministério das Relações Exteriores israelense advertiu que a inclusão da cidade da Cisjordânia seria um ato de "politização da organização".

Em maio, Israel rejeitou uma resolução da Unesco sobre o estatuto de Jerusalém, apresentando-o como "potência ocupante", antes de impedir os pesquisadores da organização de visitar Hebron. Em meio século de ocupação israelense, Hebron se tornou um local de conflito permanente. Centenas de colonos protegidos por centenas de soldados vivem em uma área do centro, que é parcialmente proibido aos palestinos.

Na época do mandato britânico sobre a Palestina, uma comunidade de judeus vivia em Hebron antes de ser forçada a partir após o assassinato de 67 judeus em 1929. Em 1994, um colono israelense-americano, Baruch Goldstein, abriu fogo na Mesquita de Ibrahim matando 29 muçulmanos antes de ser linchado.

(Informações AFP)

 

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