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Crise/Rohingyas

Millhares pedem para retirar Nobel da Paz de Aung San Suu Kyi

Centenas de milhares de pessoas em todo o mundo pedem a retirada do prêmio Nobel da líder de Mianmar, Aung San Suu Kyi, duramente criticada pela gestão da crise envolvendo a minoria rohingya. Nesta manhã, o manifesto na plataforma online Change.org já reunia mais de 365 mil assinaturas.

Manifestação em Jacarta, na Indonésia, pede a retirada do prêmio Nobel da líder de Mianmar, Aung San Suu Kyi, que foi duramente criticada pela gestão da crise da minoria rohingya.
Manifestação em Jacarta, na Indonésia, pede a retirada do prêmio Nobel da líder de Mianmar, Aung San Suu Kyi, que foi duramente criticada pela gestão da crise da minoria rohingya. REUTERS/Darren Whiteside
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De acordo com a ONU, 164.000 rohingyas, uma minoria muçulmana apátrida perseguida em toda a região, fugiram das violências em Mianmar nas últimas duas semanas. A maioria deixou o país de maioria budista atravessando a fronteira para Bangladesh, onde também não são bem-vindos.

O comitê do prêmio Nobel, na Noruega, já excluiu qualquer possibilidade de retirar a recompensa atribuída à líder birmanesa em 1991.

Nesta quarta-feira (6), Suu Kyi se pronunciou sobre os distúrbios pela primeira vez  desde o início da crise, no fim de agosto. A compaixão internacional em relação aos muçulmanos rohingyas é resultado de um "enorme iceberg de desinformação criado para gerar problemas entre as diferentes comunidades e promover os interesses dos terroristas", afirmou Suu Kyi durante uma conversa por telefone com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, segundo uma transcrição divulgada por sua assessoria de comunicação.

Em várias ocasiões, Erdogan condenou a resposta do governo birmanês à crise e chegou a mencionar um "genocídio no estado de Rakhine", na região noroeste de Mianmar.

Suu Kyi, que sempre defendeu a ação do exército de Mianmar, rebateu a acusação e afirmou que seu país faz "o necessário para proteger os direitos de todos os habitantes". "Sabemos muito melhor do que terceiros o que significa estarmos privados de direitos e de proteção democrática", completou, em uma referência a seus anos de luta contra a junta militar birmanesa, que a deixou por muitos anos em prisão domiciliar.

Milhares de refugiados

A violência contra os rohingyas explodiu em 25 de agosto, quando os rebeldes do Exército de Salvação Rohingya de Arakan (Arsa, na sigla em inglês), que afirmam defender a minoria muçulmana, atacaram dezenas de delegacias de polícia. O exército birmanês reagiu com uma grande operação em Rakhine, uma área pobre e remota do país, o que obrigou a fuga de dezenas de milhares de pessoas. De acordo com o exército de Mianmar, o balanço é de 400 mortos, quase todos muçulmanos. Até o ano passado os rohingyas não haviam recorrido à luta armada, uma situação que mudou em outubro com os primeiros ataques do Arsa.

Segundo organizações humanitárias, 125.000 refugiados entraram em Bangladesh desde 25 de agosto, e milhares de pessoas estariam a caminho do país vizinho, algumas delas bloqueadas na fronteira.

Considerados estrangeiros em Mianmar, onde mais de 90% da população é budista, os rohingyas - quase um milhão de pessoas - são considerados apátridas, apesar da presença de algumas famílias há várias gerações no país. Eles não têm acesso ao mercado de trabalho, às escolas, nem aos hospitais. O avanço do nacionalismo budista nos últimos anos aumentou a hostilidade contra a minoria.

Alguns analistas consideram que Suu Kyi é impotente diante do auge dos budistas extremistas e de um exército birmanês que continua muito forte, inclusive politicamente, em um país que durante 50 anos foi uma ditadura militar.

Depois de investigar uma crise de violência anterior, a ONU denunciou uma grande operação de repressão "generalizada e sistemática", realizada essencialmente pelo exército contra os rohingyas. A ONU considerou que a repressão teve como consequência uma "limpeza étnica" e, "muito provavelmente", crimes contra a humanidade.

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