Fotos de satélite mostram destruição de aldeias rohingya em Mianmar
O exército birmanês está destruindo as aldeias da minoria muçulmana dos rohingyas no estado de Rakhine, denunciou nesta quinta-feira (14) a organização Anistia Internacional, em um relatório que se baseia em novas imagens de satélites da região.
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Com informações do correspondente Sébastien Farcis e AFP
Há três semanas as forças birmanesas lançaram uma operação de repressão à população civil rohingya, forçando mais de 400 mil pessoas a fugir da perseguição em direção ao Bangladesh, onde vivem em condições sanitárias precárias e perigosas. Entre 20 mil e 30 mil pessoas deixam Mianmar por dia, chegando a uma área cada vez mais saturada.
Segundo a ONU, trata-se de uma "limpeza étnica sistemática". Pelo menos 26 aldeias foram queimadas totalmente, segundo a Anistia Internacional.
Sensores de fogo a bordo dos satélites detectaram 80 focos de incêndio no norte de Rakhine desde 25 de agosto. O exército alega que são uma consequência dos combates com os rohingyas, que iniciaram os confrontos.
A densidade de refugiados é grande demais para que recebam ajuda adequada, dizem as organizações humanitárias. Os refugiados mendigam ao longo das estradas, imploram por comida e roupas. O correspondente da RFI conta que a ONU estava distribuindo 25 kg de arroz a cerca de 90 mil pessoas. Dois aviões repletos de barracas, cobertas, colchões e latas de conserva chegaram às agências das Nações Unidas nos últimos dias.
No domingo, o ARSA, mais conhecido pelo nome Harakah al Yaqin ("Movimento da Fé", em árabe), anunciou uma trégua de um mês em suas ofensivas militares para permitir a distribuição de ajuda humanitária. Na quarta-feira, o Conselho de Segurança da ONU pediu a Mianmar medidas "imediatas" para acabar com a "violência excessiva" no oeste do país.
Silêncio e críticas
A dirigente de fato de Mianmar, Aung San Suu Kyi, prometeu quebrar o silêncio sobre a crise do rohingyas na próxima semana com um discurso à nação. A ex-dissidente e prêmio Nobel da Paz está sendo duramente criticada pela comunidade internacional por sua posição ambígua sobre a situação dessa minoria muçulmana.
Pressionada para falar a nível internacional, mas tentando manter um frágil equilíbrio em suas relações com o poderoso exército birmanês, Suu Kyi pronunciará finalmente em 19 de setembro um discurso na TV sobre a situação em Rakhine. Aung San Suu Kyi "falará de reconciliação nacional e de paz", anunciou na quarta-feira seu porta-voz Zaw Htay.
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