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40 milhões de pessoas são vítimas de casamento e trabalho forçados, diz OIT

Em todo o mundo, mais de 40 milhões de pessoas foram forçadas ao casamento ou ao trabalho escravo apenas no ano passado. Uma constatação que provavelmente está muito abaixo da realidade, em práticas assimiladas a uma forma moderna de escravidão, segundo denúncia realizada nesta terça-feira (19) na Assembléia Geral das Nações Unidas, feita por uma pesquisa conjunta em 48 países, com mais de 70 mil pessoas.

No Afeganistão, mais da metade dos empregados das fábricas de tijolos são crianças que trabalham ao lado dos pais, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
No Afeganistão, mais da metade dos empregados das fábricas de tijolos são crianças que trabalham ao lado dos pais, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT). © Berger H./Organisation internationale du travail
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Por Arnaud Jouve

O estudo foi realizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Organização Internacional para as Migrações (OIM) e a Fundação Walk Free. A OIT também publicou um relatório confirmando que cerca de 152 milhões de crianças entre 5 e 17 anos são vítimas do trabalho infantil.

Segundo Guy Ryder, diretor-geral da OIT, "o mundo não conseguirá alcançar os objetivos de Desenvolvimento Sustentável, enquanto nós não teremos intensificado muito os nossos esforços para combater estas duas pragas [o casamento forçado e o trabalho escravo]. Novas estimativas globais podem nos ajudar a desenvolver e estruturar intervenções para prevenir o trabalho forçado, como o trabalho infantil", declarou.

O relatório sobre as estimativas globais da escravidão moderna pela OIT, a OIM e a Fundação Walk Free é o resultado de uma compilação de levantamentos recentes de dados em 48 países, de 71.000 pessoas entrevistadas. A estimativa global de 40 milhões de pessoas forçadas é dividida em 25 milhões de vítimas de trabalho forçado e 15 milhões de casamentos forçados.

O estudo contou com pessoas em trabalho forçado, em fábricas, em locais de construção, em fazendas ou em embarcações de pesca, inclusive aquelas forçadas a se prostituir, e registrou que um quarto desses trabalhadores são crianças.

No que se refere às pessoas casadas contra a sua vontade, o estudo descobriu que em quase todos os casos as vítimas eram mulheres e que mais de um terço eram menores de 18 anos quando foram forçadas ao casamento. ​​Na indústria do sexo, as mulheres são as maiores vítimas do trabalho forçado. Finalmente, o estudo observa que essas práticas são particularmente difundidas em África e na Ásia.

10% das crianças no mundo são vítimas

O relatório da OIT sobre as estimativas globais da OIT sobre o trabalho infantil contou 152 milhões de crianças vítimas deste tipo de escravidão, sendo 64 milhões de meninas e 88 milhões de meninos, ou quase uma criança em cada dez no mundo. Um terço dessas crianças, entre 5 e 14 anos, estão fora do sistema escolar e 38% das crianças nessa faixa etária realizam trabalhos considerados perigosos. O estudo observa que dois terços dos adolescentes entre 15 e 17 anos trabalham mais de 43 horas por semana.

Uma estimativa global de 152 milhões de crianças vítimas de trabalho forçado mostra que a maioria delas se encontra na África (72,1 milhões), seguida pela Ásia e Pacífico (62 milhões) e pelas Américas (10,7 milhões), Europa e Ásia Central (5,5 milhões) e os Estados árabes (1,2 milhões).

A situação é intolerável para Andrew Forrest AO, presidente e fundador da Walk Free Foundation, que disse: "O fato de ainda termos em nossos registros 40 milhões de pessoas nestas situações é uma desgraça para todos nós. Se levarmos em conta os números dos últimos cinco anos, 89 milhões de pessoas foram submetidas a várias formas de escravidão moderna por um período que varia de alguns dias a cinco anos inteiros. Isso também está relacionado à discriminação e desigualdade no mundo de hoje. Há também uma tolerância chocante no que diz respeito à exploração. Devemos pôr fim a tudo isso. Todos nós temos um papel a desempenhar na mudança da situação, a comunidade empresarial, os governos, a sociedade civil, todos e cada um de nós", finalizou.

 

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