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Cuba

Começam as celebrações pelos 50 anos da morte de Che Guevara

Meio século após a sua morte, Ernesto "Che" Guevara, figura mítica da ação revolucionária armada durante a Guerra Fria, é homenageado em Cuba neste domingo (8). 

Guevara: herói inesquecível do povo cubano.
Guevara: herói inesquecível do povo cubano. REUTERS/David Mercado
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As cerimônias que celebram a morte de Che Guevara começam neste domingo, em Cuba, no mausoléu que abriga os restos mortais do "heróico guerrilheiro", em Santa Clara, na região central do país.

O presidente Raúl Castro, sucessor de seu irmão Fidel, falecido no ano passado, deverá estar presente para homenagear o homem que era chamado de "o Argentino" nesta cidade, onde ganhou em 1967 uma decisiva batalha contra as tropas do ditador Fulgencio Batista.

Além disso, uma comitiva oficial cubana partiu no sábado para a Bolívia, onde seus quatro filhos, Aleida, Celia, Camilo e Ernesto, nascidos e residentes em Cuba, visitarão La Higuera, vilarejo onde o guerrilheiro foi executado em 1967 no sul do país.

A comitiva é líderada pelo comandante Ramiro Valdés, muito próximo a Che em sua campanha militar em Cuba. Também fazem parte do grupo, dois militares cubanos sobreviventes da guerrilha boliviana, o general Harry Villegas (o Pombo) e o coronel Leonardo Tamayo (o Urbano).

O mito vivo

Ernesto Che Guevara foi capturado em 8 de outubro de 1967 pelo Exército boliviano depois de ser ferido em batalha, sendo executado no dia seguinte. As homenagens são, tradicionalmente, realizadas no dia de sua captura.

Naquele 8 de outubro, acompanhado por dois agentes cubano-americanos da CIA, o Exército boliviano capturou Che. Ele liderava um punhado de guerrilheiros que haviam sobrevivido a combates, fome e doenças.

Guevara foi levado para uma escola abandonada, onde passou sua última noite. Na tarde seguinte, o revolucionário foi executado sumariamente por Mario Teran, um sargento boliviano. Aos 39 anos, o Che entrava para a história, tornando-se um mito, enquanto seu corpo magro era exibido como um troféu.

O mausoléu de Santa Clara

A mitologia revolucionária da qual Che Guevara é símbolo foi revivida em 1997 pela descoberta de seus restos mortais - cuja identificação continua controversa - e seu depósito solene no mausoléu de Santa Clara por Fidel Castro.

No mundo inteiro, a imagem-culto do guerrilheiro - a foto tirada pelo cubano Alberto Korda em 1960 - continua sendo reproduzida em milhões de camisas, cartazes, bonés ou bolsas, apreciados pela juventude dos cinco continentes, mas também por estrelas do futebol, ou da música.

A extrema-esquerda europeia nascida dos eventos de 1968 e uma parte da intelectualidade contribuíram amplamente para a popularização de um homem renomado por sua coragem e tenacidade, apesar da asma que o afligia desde a infância.

Guerrilha de corpo e alma

Depois de estudar Medicina na Argentina e ter feito várias viagens que forjaram suas convicções, esse defensor declarado da violência política conheceu Raul e Fidel Castro no México, antes de participar da guerrilha que levou "os barbudos" ao poder em Havana em 1959.

De seus companheiros cubanos, ele ganhou o apelido de "Che", uma interjeição característica argentina para atrair a atenção do interlocutor, cumprimentá-lo, ou expressar surpresa.

Após supervisionar por seis meses a repressão dos "contrarrevolucionários" - o que nunca negou - dirigiu por um tempo o Banco Central cubano e o ministério da Indústria.

Mentor da aproximação da Revolução Cubana com Moscou, afastou-se posteriormente das posições soviéticas favoráveis à "convivência pacífica" com o bloco ocidental para defender uma estratégia de conquista do poder pelas armas, mais perto do maoísmo.

O fim

"Outras terras do mundo reclamam a contribuição de meus modestos esforços", escreveu para Fidel em 1965, ao pedir uma licença para levar a luta insurrecional para a África. Depois de assiná-la, terminou a carta com sua famosa frase: "Hasta la victoria, siempre" ("Até a vitória, sempre!").

Seguiram-se meses de "desaparecimento", enquanto Che esteve no Congo, tentando, em vão, impor uma revolução armada. Só mais tarde, em novembro de 1966, Che Guevara chegaria à Bolívia para formar o Exército de Libertação Nacional, cujo objetivo era derrubar a ditadura do general René Barrientos.

(Com agência AFP)

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