FAO aposta no aumento da produtividade para estancar êxodo rural
De acordo com um novo relatório da agência da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO) divulgado nesta segunda-feira (9), milhões de jovens em países em desenvolvimento que entrarão no mercado de trabalho nas próximas décadas não precisarão fugir das áreas rurais para escapar da pobreza.
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De acordo com o novo relatório da FAO sobre a situação da Alimentação e Agricultura 2017, divulgado nesta segunda-feira (9), as áreas rurais têm grande potencial para estimular o crescimento econômico, necessário para manter o nível de produção agrícola e o crescimento de setores relacionados. Uma vez que a maioria das pessoas pobres e famintas do mundo vivem nessas áreas, alcançar as metas do Programa de Desenvolvimento Sustentável até 2030 dependerá dos incentivos a esse potencial, muitas vezes negligenciado.
Segundo a FAO, para alcançar esse objetivo será necessário encontrar soluções para problemas de baixa produtividade em culturas alimentares, da industrialização restrita a algumas áreas e do crescimento rápido da população e da urbanização. Todos esses pontos representam desafios para os países em desenvolvimento, comprometendo sua capacidade de cultivar alimentos e de oferecer emprego à população.
Segundo o relatório da ONU, existem evidências consideráveis de que fazer mudanças nas economias rurais possa ter um impacto significativo na economia. A transformação das economias rurais já ajudou centenas de milhões de pessoas a sair da pobreza desde a década de 1990, segundo a FAO.
Investimento no campo é “estratégico”
No entanto, o progresso tem sido desigual e o crescimento da população tende a aumentar os riscos. Entre 2015 e 2030, o número de pessoas com idades entre 15 e 24 anos deverá aumentar em 100 milhões, chegando a 1,3 bilhão. Quase metade desse aumento ocorrerá na África subsaariana, principalmente nas áreas rurais.
Em muitos países em desenvolvimento, particularmente no sul da Ásia e na África subsaariana, o crescimento nos setores terciário e industrial não poderá absorver o número maciço de novos candidatos que entram no mercado de trabalho. As pessoas das áreas rurais que chegam às cidades serão, portanto, mais propensas a se tornarem cidadãos precários das cidades, se não escaparem da pobreza. Outros terão de procurar emprego em outros lugares, o que levará a fenômenos de migração sazonais ou permanentes.
Por todas essas razões, o novo relatório da FAO afirma que “a ênfase deve ser dada ao investimento nas áreas rurais para fortalecer os sistemas alimentares e apoiar as agroindústrias conectadas às áreas urbanas (especialmente nas cidades pequenas e médias), o que contribuirá para a criação de empregos e permitirá que mais pessoas permaneçam e prosperem no campo. De acordo com o relatório, trata-se de uma intervenção estratégica.
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