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Líbano/Hezbollah

Hezbollah afirma que premiê libanês está 'detido' na Arábia Saudita

O chefe do movimento xiita Hezbollah acusou nesta sexta-feira (10) a Arábia Saudita de ter "detido" o primeiro-ministro libanês, Saad Hariri, que na última semana anunciou inesperadamente na capital saudita sua renúncia ao cargo.

Saad Hariri em Beirute, Líbano (9/10/17).
Saad Hariri em Beirute, Líbano (9/10/17). ©REUTERS/Mohamed Azakir
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"O chefe de governo libanês está detido na Arábia Saudita, no momento não é permitido que ele retorne ao Líbano", indicou Hassan Nasrallah em um discurso exibido na televisão.

Em plena tensão entre a Arábia Saudita e o Irã, Nasrallah afirmou que Riad está incentivando Israel a atacar o Líbano. "O mais perigoso é que se está incentivando Israel a atacar o Líbano", ressaltou.

"Falo a respeito de informações que confirmam que a Arábia Saudita pediu a Israel para atacar o Líbano (...). Mas atualmente estamos mais fortes", disse Nasrallah, advertindo para "um mau cálculo [estratégico]".

Temor de novo conflito

A crise atemoriza a população libanesa, que sofreu com uma guerra civil entre 1975 e 1990 e viveu um conflito com Israel em 2006. O premiê libanês é um muçulmano sunita, cujo partido é rival do Hezbollah na cena política libanesa, apesar de ter ministros do movimento xiita em seu governo.

O caso está sendo percebido como uma nova disputa entre a Arábia Saudita, sunita, e o Irã, xiita, aliado do Hezbollah. As duas potências do Oriente Médio já se enfrentam em várias questões regionais, especialmente nas guerras no Iêmen e na Síria.

O presidente libanês, Michel Aoun, ainda não aceitou a renúncia de Hariri e espera se encontrar com o premiê para analisar a questão. Aoun manifestou sua "preocupação" com o destino de Hariri, e informou ao encarregado de negócios saudita em Beirute que a forma como ocorreu sua renúncia é "inaceitável".

O presidente libanês tem multiplicado seus contatos diplomáticos para solucionar a crise. Segundo Nasrallah, o premiê libanês está em "prisão domiciliar" na Arábia Saudita e foi "obrigado" a apresentar sua renúncia por Riad, "lendo um texto escrito por eles".

Hariri comunicou sua renúncia em um discurso divulgado pelo canal de notícias Al Arabiya, no qual denunciou o "controle" exercido pelo Irã e seu aliado Hezbollah no Líbano. Segundo seus detratores, o Hezbollah - único movimento a não depor as armas ao final da guerra civil libanesa - tem forte influência nas questões do Estado libanês e seu arsenal é um dos principais focos de discórdia no Líbano.

Representante americano mostra preocupação

O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, pediu nesta sexta-feira que não se use o Líbano para um conflito de interesses, após a crise provocada pela renúncia de Hariri.

Tillerson afirmou não ter "qualquer indício" de que Hariri esteja sendo mantido na Arábia Saudita contra sua vontade, mas manifestou sua preocupação com os efeitos que sua renúncia possa ter na estabilidade do governo libanês, composto de cristãos e muçulmanos sunitas e xiitas.

Em uma mensagem que parece dirigida principalmente ao Irã e ao Hezbollah, o chefe da diplomacia americana advertiu que "não há um lugar legítimo no Líbano para qualquer força, milícia, ou elementos armados estrangeiros, que não sejam os das forças de segurança legítimas do Estado libanês, que devem ser reconhecidas como a única autoridade na segurança do Líbano".

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, alertou hoje que um novo conflito no Líbano teria "consequências devastadoras" e disse estar envolvido em "intensos" contatos com todas as partes para buscar uma distensão da situação.
 

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