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Clima

Mudança climática duplica número de patrimônios naturais ameaçados

A mudança climática duplicou o número de sítios naturais patrimônio da Humanidade considerados sob ameaça de extinção - alertou a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), nesta segunda-feira (13), pedindo medidas "urgentes".

A Grande Barreira de coral, na Austrália, é um dos patrimônios ameaçados pelas mudanças climáticas
A Grande Barreira de coral, na Austrália, é um dos patrimônios ameaçados pelas mudanças climáticas Arterra/UIG via Getty Images
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Dos 241 sítios naturais classificados no Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), 62 estão agora ameaçados pela mudança climática em comparação aos 35 registrados em 2014 (de um total de 228), ano em que se divulgou o informe anterior, intitulado "Horizonte do patrimônio mundial" elaborado pela UICN.

Entre eles, estão o Machu Pichu peruano e a Reserva da Biosfera da Borboleta-Monarca, no México. Em ambos os casos, além da mudança climática, há outros fatores em jogo, como o turismo e a poluição.

"Este informe envia uma mensagem clara para os delegados reunidos em Bonn (por ocasião da 23ª Conferência da ONU sobre o Clima): a mudança climática atua rapidamente e afeta os tesouros mais apreciados do nosso planeta", comentou o diretor-geral da UICN, Inger Andersen, em um comunicado.

"A amplitude e o ritmo com os quais se degrada nosso patrimônio natural acentuam a necessidade de ações e de compromissos nacionais urgentes e ambiciosos para aplicar o Acordo de Paris", acrescentou.

Arrecifes em risco

Da Grande Barreira da Austrália à costa de Belize, passando pelas Seychelles, ou pelo atol de Aldabra, todos os arrecifes de coral catalogados pela Unesco se veem afetados pelo aumento da temperatura do mar, que provoca seu branqueamento.

No outro extremo do arco ambiental, estão as geleiras do parque nacional de Kilimanjaro, na Tanzânia, ou a região de Jungfrau-Aletsch, nos Alpes suíços.

A mudança climática também afeta as zonas úmidas, os deltas e os ecossistemas vulneráveis a incêndios, acrescenta o informe, considerando que esse aquecimento do planeta supõe um "risco potencial" para pelo menos 55 sítios nessas categorias.

Esses locais têm um papel "crucial para as economias e os meios de subsistência locais" e "sua destruição pode ter consequências devastadoras que vão além de sua beleza excepcional e de seu valor natural", advertiu o diretor do programa "Patrimônio Mundial" do UICN, Tim Badman.

"No parque nacional Huascarán do Peru, por exemplo, o degelo das geleiras afetou o abastecimento de água e contamina a água e o solo com os metais pesados que antes estavam presos no gelo", relatou.

Turismo também preocupa

Embora a mudança climática seja "a ameaça que aumenta mais rapidamente", ela ocupa o segundo lugar, atrás das espécies invasivas.

O turismo, o desenvolvimento de infraestruturas (estradas, represas e minas, por exemplo), a caça, a poluição, ou a eficácia na gestão dos sítios também têm um impacto na conservação.

Levando-se em conta a soma de todos esses fatores, a UICN classifica 17 sítios (7%) em situação "crítica", como a Reserva da Biosfera da Borboleta-Monarca, no México, ou o Parque Natural dos Everglades, nos Estados Unidos. Doze estão na África, como o lago Turkana, no Quênia, ou o parque Virunga, na República Democrática do Congo.

O Machu Pichu peruano, as Ilhas Galápagos, o lago Baikal russo, a Grande Barreira de coral australiana fazem parte desses 70 sítios (29%) que "preocupam seriamente".

Em 12 deles, a situação se degradou, como no bosque polonês de Bialowieza. Em outros 14, o quadro melhorou, como no parque Comoé, da Costa do Marfim, onde foi possível restabelecer as populações de elefantes e de chimpanzés.

 

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