Sobrevivente de Hiroshima recebe Nobel da Paz em nome da Ican
A Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (Ican) recebeu neste domingo (10) o Nobel da Paz em uma cerimônia em Oslo. A japonesa Setsuko Thurlow, sobrevivente do bombardeio atômico de Hiroshima, foi designada para representar a organização no evento.
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Ao lado de Beatrice Fihn, diretora da Ican, Setsuko Thurlow, de 85 anos, recebeu o prêmio Nobel da Paz em nome da Ican, da qual é embaixadora.
Satsuko Thurlow tinha 13 anos quando a bomba explodiu em Hiroshima, no dia 6 de agosto de 1945. Ela assistiu a morte de milhares de pessoas e, neste domingo, em Oslo, comoveu a plateia relatando o que viveu. "Foi o inferno na Terra", declarou a japonesa que hoje mora no Canadá.
"Nove nações ainda ameaçam incinerar cidades inteiras, destruir a vida na Terra, tornar inabitável o nosso belo mundo para as futuras gerações", lamentou a sobrevivente durante a cerimônia. "As armas nucleares não são um mal necessário, são o mal absoluto", concluiu.
Além dela, vários sobreviventes dos bombardeios americanos de Hiroshima e Nagasaki, que deixaram 220 mil mortos há 72 anos, participaram da entrega do Nobel da Paz.
Apelo pelo fim das armas nucleares
A Ican, que reúne quase 500 ONGs em mais de 100 países, alerta há vários anos para o perigo dos arsenais atômicos. "Será o fim das armas nucleares ou o nosso fim?" questionou a diretora da campanha durante discurso em Oslo. Para ela, não há outra solução além do abandono deste tipo de armamento pelas potências mundiais.
A entrega do Nobel aconteceu em um momento de tensão na península coreana, o que alimenta os temores de uma guerra. Pyongyang multiplicou nos últimos meses os testes nucleares e lançamentos de mísseis. O ditador norte-coreano, Kim Jong-Un, e o presidente americano, Donald Trump, trocam ofensas e ameaças há meses.
"A maneira racional de proceder é deixar de viver em condições nas quais nossa destruição dependa apenas do fato de alguém perder a paciência", ressaltou Beatrice Fihn.
Tratado contra as armas nucleares
A Ican conquistou uma grande vitória em julho, quando a ONU aprovou um novo tratado que as proíbe as armas nucleares. O documento, aprovado por 122 países, apesar da oposição das nove potências nucleares, pode demorar anos para entrar em vigor, pois precisa ser ratificado por pelo menos 50 signatários. Até o momento apenas três Estados - Vaticano, Guiana e Tailândia - ratificaram o tratado.
Apesar disso, "a principal mensagem da Ican é que o mundo nunca será seguro enquanto tivermos armas nucleares", disse a presidente do comitê do Nobel, Berit Reiss-Andersen, em seu discurso de entrega do prêmio. "A ameaça de uma guerra nuclear é agora a maior em muito tempo, sobretudo devido à situação na Coreia do Norte", reiterou.
As potências nucleares ocidentais - Estados Unidos, França, Reino Unido - não enviaram seus embaixadores à cerimônia do Nobel, e sim diplomatas de segundo escalão. Para estas nações, a arma atômica é um instrumento de dissuasão que permite evitar conflitos e não pode ser deixada de lado.
Apesar da redução do número de ogivas nucleares no planeta desde o fim da Guerra Fria, atualmente existem 15 mil no mundo. Cada vez mais países adquirem armamentos atômicos.
Os demais prêmios Nobel (Literatura, Física, Química, Medicina e Economia) foram entregues em Estocolmo, na Suécia.
(Com informações da AFP)
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