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Coreia do Norte

Kim Jong-un afirma que Coreia do Norte é "potência militar de classe mundial"

O líder norte-coreano Kim Jong-un afirmou nesta quinta-feira (8) que a Coreia do Norte é uma "potência militar de classe mundial". A declaração foi feita durante um desfile militar realizado na véspera da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno na Coreia do Sul.

O líder norte-coreano Kim Jong-un, em imagem de arquivo.
O líder norte-coreano Kim Jong-un, em imagem de arquivo. REUTERS
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"Nós somos capazes de mostrar ao mundo nosso status de potência militar de classe mundial", disse o ditador norte-coreano na praça Kim Il-sung, centro da capital Pyongyang, para uma multidão empolgada.

A Coreia do Norte realizou nesta quinta-feira um imenso desfile militar para comemorar os 70 anos das Forças Armadas do país, na véspera da abertura dos Jogos Olímpicos de Pyeongchang, na Coreia do Sul. Pyongyang já havia anunciado, no mês passado, que iria antecipar as comemorações desta data, tradicionalmente festejada em 25 de abril.

O regime norte-coreano não divulgou nenhuma foto do desfile; quem confirmou a celebração da parada militar foi o governo sul-coreano. As últimas imagens realizadas via satélite, que datam de segunda-feira (5), mostram cerca de 13 mil pessoas ensaiando em um campo perto de Pyongyang, com peças de artilharia e veículos blindados.

Demonstração de força

Para especialistas, Pyongyang quer aproveitar a grande exposição midiática com as Olimpíadas de Inverno para reafirmar ao mundo sua potência nuclear. A notícia causou surpresa, principalmente devido aos esforços da própria Coreia do Norte para poder enviar uma delegação aos jogos.

Acolhida com satisfação por Seul e pelo Comitê Olímpico Internacional, a presença norte-coreana na competição gerou desconfiança entre numerosos especialistas, que enxergam uma manobra para limpar a imagem do regime e aliviar punições que pesam sobre Pyongyang. Mas sem ceder um palmo no que diz respeito à questão nuclear.

Park Won-gon professor de Relações Internacionais da Universidade de Handong, na Coreia do Sul, lembra que a Coreia do Norte já havia se declarado "Estado nuclear" no ano passado. O país "quer confirmar seu status de potência militar organizando o desfile e participando no dia seguinte nos Jogos Olímpicos, como se nada tivesse acontecido, como se não houvesse nenhum mal nisso", salienta.

Ato de propaganda

Os Estados Unidos já haviam criticado o fato de o desfile militar norte-coreano ter sido transferido para esta quinta-feira. O vice-presidente americano, Mike Pence - que estará presente na cerimônia de abertura dos jogos na sexta-feira (9) - chegou a classificar a participação da Coreia do Norte nas Olimpíadas de Inverno como um "ato de propaganda".

"Tudo o que os norte-coreanos fazem nos Jogos Olímpicos é um farsa destinada a ocultar o fato de que são o regime mais tirânico do planeta", completou o assessor de Pence.

A dinastia Kim, que governa o Norte da península coreana há 70 anos, domina perfeitamente a arte de monopolizar a atenção mundial. Frequentemente, Pyongyang lança ou ameaça lançar mísseis quando personalidades importantes visitam Seul, ou durante eleições ou posses na Coreia do Sul ou nos Estados Unidos.

Estratégia de Pyongyang

Os imensos desfiles militares também são uma estratégia importante de Pyongyang. As paradas se tornam cada vez mais impressionantes, com milhares de soldados atravessando a praça Kim Il-sung e o balé de veículos militares, exibidos como um reflexo dos avanços do programa balístico nacional.

Os desfiles são também uma estratégia de comunicação direcionada ao povo norte-coreano "para lutar contra eventuais ciúmes dos Jogos Olímpicos de PyeongChang", observou Cheong Seong-Chang, do Instituto Sejong. "É uma forma de dizer ao povo: 'estamos atrasados em relação ao Sul, do ponto de vista econômico, mas estamos em vantagem no âmbito militar", reitera.

A Coreia do Norte costuma convidar centenas de jornalistas estrangeiros para que o acontecimento tenha a maior repercussão internacional possível - algo que não fez este ano. Para analistas, isso reflete um desejo de controlar melhor a narrativa do desfile.

Para a opinião pública na Coreia do Sul, não restam dúvidas sobre a antecipação da data da parada. Em Seul, o evento é visto como "um tapa na cara do presidente Moon Jae-In", partidário de uma retomada do diálogo entre os dois países e que pressionou pela presença do Norte nos Jogos.

"O desfile busca provavelmente afirmar o novo status nuclear da Coreia do Norte", justificava na segunda-feira um editorial do jornal sul-coreano JoongAng. "Devemos acolher os atletas do Norte, mas não devemos mendigar um diálogo", salienta o texto.

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