Irã diz que pesquisador acusado de espionagem “se suicidou”
As autoridades judiciais iranianas afirmaram neste domingo (11) que um reputado pesquisador e defensor da natureza irano-canadense, que estava detido em Teerã, “se suicidou” na prisão. Kavus Seyed Emami era acusado de ser um espião e, de acordo com o governo iraniano, retirou a própria vida porque “sabia que havia muitas provas contra ele e havia confessado” ser culpado das acusações.
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As informações são das agências de imprensa iranianas. Seyed Emami era diretor da Fundação para a Fauna Selvagem Persa, que atua na proteção de espécies de animais ameaçados no Irã. A morte dele foi anunciada no sábado (10) pelo seu filho, pelo Twitter.
“A notícia da sua morte é impossível a admitir”, disse no Instagram Ramin Seyed Emami, um músico conhecido no país. “Eu não acredito nessa versão [de suicídio].”
O ambientalista tinha 63 anos e dupla cidadania, iraniana e canadense. O Irã, entretanto, não reconhece a dupla nacionalidade e, nestes casos, considera apenas a iraniana.
“Ele era um dos acusados em um caso de espionagem e infelizmente se suicidou na prisão porque sabia que havia muitas provas contra ele”, disse o procurador de Teerã, Abbas Jafari Dolatabadi, à agência Ilna.
No sábado, o procurador havia anunciado a prisão de várias pessoas que “guardavam informações secretas em lugares estratégicos (...) sob o álibi de projetos científicos e ambientais”. Novas prisões podem ocorrer, alertou uma fonte.
Série de prisões em investigação de espionagem
O Centro dos Direitos Humanos no Irã, uma ONG baseada em Nova York, afirma que nove funcionários da fundação foram detidos no dia 24 de janeiro, mesmo dia que Seyed-Emami. Entre os presos está o irano-americano Morad Tahbaz, membro do conselho de administração da fundação.
O deputado Mahmoud Sadeghi informou que o diretor-adjunto da Organização para a Proteção do Meio Ambiente, Kaveh Madani, foi preso no sábado. Madani, 36 anos, foi pesquisador do Imperial College de Londres antes de passar a trabalhar para o governo iraniano, em setembro do ano passado.
Neste domingo (11), a morte do irano-canadense suscitou questões no meio científico iraniano. A Associação Iraniana de Sociologia, da qual o pesquisador era integrante, declarou, em um comunicado, que “a informação publicada sobre ele é inacreditável”. “Nós esperamos que as autoridades forneçam detalhes sobre a sua morte”, afirma o texto.
Com informações AFP
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