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Descrença na política marca eleições legislativas no Líbano

Os libaneses vão votar nesse domingo (6) para renovar seu Parlamento, nas primeiras eleições legislativas em nove anos. A correspondente internacional da RFI Murielle Paradon conversou com moradores da cidade de Trípoli para sentir o clima que antecede a votação.  

Cartaz mostrando o ex-Primeiro Ministro libanês, Saad Hariri
Cartaz mostrando o ex-Primeiro Ministro libanês, Saad Hariri REUTERS/Omar Ibrahim
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Arranjar um trabalho é a primeira preocupação dos moradores de Trípoli, onde a taxa de desemprego chegou a 60% em certos bairros. Na casa de Zeinab, de 47 anos, com dois filhos, todos procuram um emprego.

“O desemprego existe porque os poderosos decidiram que seria assim. Os jovens estudam, têm seu diploma, mas quando terminam, são obrigados a trabalhar em bares e restaurantes. Ou então partem vão para o exterior, à França, ao Canadá, à Austrália”, afirma Zeinab.

 A corrupção, extremamente presente no Líbano, não colabora com a situação social. É o que denuncia Adel Hay, proprietário de um restaurante. “Vou votar nesse domingo porque quero pôr um fim na corrupção, que certos políticos utilizam para acobertar suas ilegalidades”, argumenta.

Cansaço político

Nivine el Jundi trabalha para o Ministério de Serviços Sociais no bairro de Tebbaneh, que foi tomado anos atrás pelos confrontos causados pela guerra na Síria. Hoje, mais calmo, ela continua sendo uma das áreas mais pobres do país.

“As famílias do Tebbaneh precisam de ajuda alimentar e de um acesso à saúde. Não temos mais classe média em Trípoli, ou são pessoas extremamente ricas, ou pessoas que vivem abaixo do limite da pobreza. O problema é que as pessoas não trabalham para mudar isso”, diz Nivine el Jundi, que denuncia um grande esquema de compra de votos no país.

Ahmad Abdallah, operário de 27 anos, se recusa a participar das eleições. “Não acredito em ninguém, faz nove anos desde as últimas eleições e nada mudou. Sempre promessas e mais promessas dos mesmos candidatos”. Quanto aos novos partidos, para Ahmad, eles só querem um lugar na política.

Nos últimos anos, o conflito sírio e suas repercussões no Líbano fizeram parte do debate em Trípoli, mas hoje os habitantes da segunda maior cidade do país têm apenas reivindicações sociais e econômicas. É nesse misto de esperança e desilusão que elas irão às urnas no domingo.

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