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Irã/EUA

Trump deve anunciar retirada do acordo nuclear iraniano

O presidente americano, Donald Trump, anunciará sua decisão sobre uma possível retirada dos EUA do acordo nuclear com Irã na terça-feira (8), às 14h em Washington (15h no horário de Brasília). O presidente americano tem até 12 de maio para se certificar que o Irã está em conformidade com o acordo, assinado pelas potências ocidentais em 2015. Caso contrário, poderá voltar a adotar sanções contra o país.

O presidente americano Donald Trump deve anunciar a retirada dos EUA do acordo com o Irã
O presidente americano Donald Trump deve anunciar a retirada dos EUA do acordo com o Irã REUTERS/Carlos Barria
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Em outubro de 2017, Trump se recusou a “certificar” que o plano de ação firmado entre o Irã, os EUA, a China, a Rússia, a França, o Reino Unido e a Alemanha era coerente com os interesses de segurança nacional, embora os inspetores da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) acreditem que os iranianos estejam respeitando seus compromissos. As sanções contra o regime, entretanto, continuam suspensas. De acordo com a lei americana, a renovação das restrições deve ser revisada a cada 120 ou 180 dias.

No próximo sábado, vence o prazo de algumas sanções contra o Banco Central iraniano e os lucros provenientes da exportação de petróleo, mas a maioria das medidas continua em vigor até meados de julho. No anúncio de hoje, Trump poderia retirar as sanções, restaurá-las ou utilizar a complexa legislação americana para aumentar a pressão sobre o país e reestabelecer apenas uma parte das restrições. Em todo caso, as incertezas sobre o posicionamento americano já são suficientes para abalar ainda mais a economia iraniana.

Europeus mantêm acordo

Os países europeus já disseram que permanecerão no acordo, mesmo que os EUA deixem o compromisso. Mas há preocupação a respeito do que farão as empresas europeias: deixar ou congelar seus investimentos. Os especialistas também estão analisando uma decisão que, à primeira vista, é técnica, mas que está potencialmente carregada de consequências. Trumptambém restabelecerá as disposições que punem as empresas europeias ou asiáticas que fazem negócios com entidades iranianas? Disto também depende a reação dos europeus e, ao final, dos iranianos.

Os líderes iranianos enviaram sinais contraditórios, e chegaram a ameaçar uma possível retirada iraniana do acordo no caso de uma saída dos Estados. Isso significaria um retomada do programa nuclear. Sem acordo, os inspetores internacionais já não terão o mesmo poder de verificação.O acordo prevê um "mecanismo de resolução de disputas". Se o Irã segui-lo, indicará a sua vontade de não fechar as portas imediatamente.

A comissão de acompanhamento do acordo, que inclui todos os signatários, analisaria a crise, possivelmente a nível de chanceleres e, na falta de solução, passaria para um comitê de três árbitros. Isso daria lugar a quase dois meses de negociações antes que o Irã decida, eventualmente, julgar seus compromissos como “caducos”.

Arábia Saudita, vizinho estratégico, critica acordo

Em uma visita recente aos Estados Unidos, o princípe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bem Salman, criticou duramente o acordo de 2015, estimando que o Irã se beneficiou economicamente do compromisso com os ocidentais e pode, dessa forma, aumentar sua influência regional. Os dois países disputam a hegemonia na região.

"O problema é que o acordo está previsto para durar até 2025. Depois disso, os iranianos estão prontos para fabricar a bomba atômica”, afirmou o general saudita Shami Al Zahri, ex-conselheiro do Ministério da Defesa, ao correspondente da RFI em Riad, Nicolas Falez. “Além disso, o governo iraniano trabalhou muito para fabricar vários mísseis, principalmente de longo alcance. Isso mostra que o acordo não funciona muito bem, porque os mísseis servem de vetor para a força nuclear”, diz.

A Arábia Saudita também acusa Teerã de ser responsável por todos os males da região. “Eles implantam mísseis no Iraque, na Síria, no Líbano e no Iemên”, afima o engenheiro Jaber Al Siwat, muito ativo nas redes sociais e conhecido por defender a política regional de seu país. No Iêmen, os sauditas e seus aliados combatem a rebelião xiita Houthi, que, segundo o engenheiro saudita, foram “criados pelo Irã”. O conflito, que já dura três anos, mergulhou o país em uma grave crise humanitária.

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