Crise na Faixa de Gaza estremece relações entre Israel e Turquia
A repressão aos manifestantes palestinos que contestam a transferência da embaixada norte-americana para Jerusalém resultou em tensões que vão bem além do conflito israelo-palestino. A relação entre o Estado Hebreu e a Turquia foi uma das primeiras atingidas pela crise.
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Com informações de Michel Paul, correspondente da RFI em Jerusalém
A Turquia ordenou nesta quarta-feira (16) que o cônsul-geral de Israel em Istambul abandone o país temporariamente, um dia depois da ordem do governo israelense para que o cônsul turco deixe Jerusalém.
O presidente turco Recep Tayyip Erdogan, um islamita conservador, acusou na segunda-feira (14) Israel de "terrorismo de Estado" e "genocídio", após a morte de mais de 60 pessoas na fronteira da Faixa de Gaza. Em resposta, o primeiro-ministro israelense Benyamin Netanyahu disse que “não vai receber lições de moral de Erdogan, que tem as mãos cheias de sangue”.
Em dezembro passado, quando Washington anunciou a transferência de sua embaixada, o tom já havia endurecido entre os dois países. “Nós não abandonaremos Jerusalém à mercê de um Estado que mata crianças”, declarou Erdogan.
A troca de farpas coloca em risco a normalização das relações iniciada em 2016 entre Turquia e Israel, após uma grave crise diplomática provocada por um ataque israelense contra um barco de uma ONG que tentava romper o bloqueio de Gaza.
Diante das tensões recentes, o governo israelense se afasta cada vez mais dos turcos, colocando inclusive em pauta assuntos sensíveis e até então evitados. Prova disso, um grupo de deputados israelenses propõe a adoção urgente do reconhecimento do genocídio armênio, um dos temas mais delicados quando se trata de relação diplomática com a Turquia.
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