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Síria

Regime reconquista Deraa e apaga a chama revolucionária na Síria

O hasteamento da bandeira síria na quinta-feira (12) em Deraa, cidade onde nasceu a insurreição popular contra o ditador Bashar Al Assad, representou uma vitória simbólica para o regime e a extinção da última chama da revolução. Fazia sete anos que os moradores de Deraa não viam tropas nas ruas da cidade.

As bandeiras do regime voltaram às ruas de Umm al-Mayazen, em Deraa, em 10 de julho de 2018.
As bandeiras do regime voltaram às ruas de Umm al-Mayazen, em Deraa, em 10 de julho de 2018. REUTERS/Omar Sanadiki
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Uma delegação de oficiais russos e de membros da polícia russa entraram em Deraa, localizada no extremo sul do território, sem enfrentar resistência. O acordo concluído pelo regime com os chefes dos grupos armados e as forças russas, no dia 6 de julho, chamado de "reconciliação" por Damasco, é vivido pelos rebeldes como uma capitulação, depois de duas semanas de bombardeios intensos que causaram a morte de mais de 150 civis.

Graças ao apoio dos governos do Irã e da Rússia, Assad já controla agora 60% do país, depois de travar uma guerra particularmente atroz. A ONU parou de contar os mortos quando eles chegaram a 350 mil pessoas. Os milhares de sírios que fugiram do inferno das bombas químicas e barris de explosivos estão, a maioria, espalhados em países do Oriente Médio e da Europa.

O acordo concluído pelo regime prevê que os rebeldes entreguem suas armas. Uma parte dos insurgentes poderá integrar a polícia local ou uma unidade das Forças Armadas destinada a combater jihadistas do grupo Estado Islâmico. Aqueles que não acreditam nas promessas de "reconciliação" de Assad e se recusarem a abandonar a oposição ao governo serão transferidos para Idlib, o último reduto rebelde, na região noroeste do país.

No momento, o regime quer restabelecer sua autoridade absoluta em torno de Deraa, região adjacente à Jordânia e às Colinas de Golã, parcialmente ocupadas por Israel.

Tortura e assassinato de adolescentes iniciou insurreição em Deraa

Em Deraa, a insurreição começou depois que adolescentes grafitaram um muro, em março de 2011, dizendo que os dias do "doutor", em referência a Assad, médico oftalmologista de formação, estavam contados. O sucesso da Primavera Árabe na Tunísia e no Egito fez muitos sírios acreditarem que tinha chegado a vez do regime de Damasco ceder à pressão das ruas. Tunisianos e egípcios conseguiram o impensável, derrubar os ditadores Zine al-Abidine Ben Ali e Hosni Mubarak. Mas na Síria foi diferente.

Os jovens grafiteiros foram detidos pelos serviços de inteligência, torturados e assassinados. O regime não teve a menor compaixão pelas crianças e suas famílias. A revolta contra Assad nasceu em meio a pais de luto pela perda dos filhos para um regime bestial e sanguinário. Na sequência, as maiores cidades do país se rebelaram, mas foram reduzidas a escombros em sete anos de guerra.  

A chegada de Donald Trump à Casa Branca e o acordo firmado em julho de 2017 entre Estados Unidos, Rússia e Jordânia, destinado a reduzir gradualmente a escalada militar na Síria, representou o fim da chama revolucionária. Washington cortou o financiamento aos grupos rebeldes, dando o sinal verde para Assad reconquistar inteiramente a Síria.

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