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Linha Direta

Novo bloqueio de Israel à Gaza aumenta temor de conflito de maiores proporções

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O ministro israelense da Defesa, Avigdor Lieberman, anunciou na terça-feira (17) restrições à entrada e saída de produtos da Faixa de Gaza através da fronteira com Israel. A decisão aumenta o temor de um novo conflito de grandes proporções, como o de 2014, quando cerca de 1.500 palestinos e 73 israelenses morreram. 

Exército de Israel lança bombas de gás lacrimogênio contra manifestantes palestinos na Faixa de Gaza. Foto de 13 de julho de 2018.
Exército de Israel lança bombas de gás lacrimogênio contra manifestantes palestinos na Faixa de Gaza. Foto de 13 de julho de 2018. REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa
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Daniela Kresch, correspondente da RFI em Tel Aviv 

O ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, anunciou na terça-feira (17) a proibição de entrada de caminhões com gasolina e gás em Gaza até o próximo domingo, 22 de julho. É uma retaliação a ataques palestinos contra o país, que se intensificaram no fim de semana

Lieberman também afirmou que a entrada de alimentos e remédios ou outros mantimentos humanitários serão estudadas caso a caso. Fora isso, a área de pesca de Gaza será reduzida de seis para três milhas náuticas. 

Na semana passada, o governo israelense já havia reduzido drasticamente a entrada e saída de produtos de Gaza através do único posto de fronteira comercial ainda aberto entre os dois países, o de Kerem Shalom. A outra passagem de produtos para Gaza é pela fronteira com o Egito, que também adotou restrições. 

Desde 2007, quando o grupo islâmico Hamas assumiu o controle da Faixa de Gaza, Israel e Egito fecharam quase que completamente as fronteiras com Gaza. Os dois países consideram o Hamas como um grupo terrorista que defende a destruição de Israel e o estabelecimento da lei islâmica no Egito através da Irmandade Muçulmana.

Onda de pipas incendiárias

O governo israelense está sobre pressão da população há três meses, desde que começaram a se multiplicar incêndios criminosos no sul de Israel, destruindo mais de 10 quilômetros quadrados de campos e reservas florestais. Os incêndios não mataram ninguém, mas já houve pelo menos um caso em que um balão inflamável caiu do lado de um jardim de infância. 

A onda de incêndios começou no dia 30 de março, juntamente com uma série de manifestações de palestinos na fronteira entre Gaza e Israel. De alguns explosivos em pipas, aos poucos, ativistas palestinos passaram a acoplar artefatos incendiários em balões de hélio para que causassem incêndios em Israel. Até agora, mais de mil pipas e balões foram lançados de Gaza em direção a Israel com a ajuda dos ventos do Mar Mediterrâneo. Nesta semana, foi descoberta mais uma modalidade: material incendiário preso nos pés de um falcão. 

De acordo com o ministério da Saúde palestinos, cerca de 130 palestinos morreram desde 30 de março nas retaliações israelenses contra manifestantes que tentaram invadir o país ou lançaram foguetes e morteiros contra Israel. 

Na segunda-feira (16), pela primeira vez, a força aérea israelense atacou grupos que lançavam balões e pipas com explosivos. Dois palestinos morreram. 

Há uma discussão interna na cúpula política e militar de Israel quanto a atacar lançadores de pipas e balões. Membros mais à direita do governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, querem que eles sejam mortos. Mas os militares não concordam com essa orientação porque essas pipas e balões ainda não causaram mortes do lado israelense.

Reação do Hamas

Já circulam informações de que o Hamas decidiu acabar com a atual onda de ataques contra Israel a partir do próximo domingo (22). Mas, se a escalada da violência na fronteira continuar, há o temor de que, como aconteceu há quatro anos, em 2014, novamente haja um conflito de maior proporção. Outras rodadas de conflito aconteceram em 2009 e 2012. 

No fim de semana passado, essa possibilidade se tornou palpável. Os palestinos lançaram mais de 200 foguetes e morteiros contra Israel, ferindo quatro pessoas depois que um dos foguetes caiu dentro de uma casa. Os moradores de cidades e vilarejos em torno de Gaza foram instruídos a ficar em abrigos antiaéreos dentro das casas ou bunkers públicos.

A Força Aérea israelense atacou mais de 50 alvos na Faixa de Gaza, entre armazéns de armas, campos de treinamento e túneis subterrâneos operados pelo Hamas.

Negociações diplomáticas 

O Egito e a ONU estão tentando mediar um cessar-fogo entre o Hamas e Israel. Mas, paralelamente, eles tentam mediar discussões internas entre facções palestinas em Gaza. 

O Hamas, que controla a região, é aparentemente a favor de uma calmaria porque não estaria interessado, neste momento, em promovar um confronto militar mais grave com Israel. Já outros grupos paramilitares, como a Jihad Islâmica, estariam interessados em uma nova rodada de conflitos para elevar seu status entre a população, insatisfeita com o Hamas. 

O território costeiro com quase 2 milhões de habitantes enfrenta uma crise humanitária. O desemprego gira em torno dos 65%, há blecautes diários de energia elétrica e falta água potável.

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