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Manifestantes que lutam por água potável no Iraque são reprimidos a tiros 

Forças de segurança iraquianas abriram fogo nessa quinta-feira (6) contra manifestantes na cidade de Basra, no sul do país, um dia depois que seis pessoas foram mortas em protestos pela má qualidade dos serviços públicos.

Iraquianos protestam em frente à sede do governo em Basra.
Iraquianos protestam em frente à sede do governo em Basra. REUTERS/Alaa al-Marjani
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Tiros e bombas de gás lacrimogêneo foram disparados contra os milhares de iraquianos que se reuniram diante da sede do governo regional. O grupo revidou lançando coquetéis molotov e fogos de artifício contra os policiais.

Uma pessoa foi atingida na cabeça após a explosão de uma bomba de gás lacrimogêneo. Outros feridos foram socorridos pelos manifestantes e levados para hospitais próximos.

Um reforço nas tropas foi enviado para resguardar a sede do governo, que se tornou um símbolo de corrupção e da negligência do Estado.

Basra e os arredores têm sido o foco de manifestações que abalam o Iraque desde o início de julho. Os moradores estão insatisfeitos, especialmente, com a poluição no abastecimento de água, o que já levou 20 mil pessoas para hospital.

Na terça-feira (4), o dia mais sangrento dos confrontos com as autoridades, seis manifestantes foram mortos e mais de 20 ficaram feridos. Segundo o governo, trinta homens da segurança oficial também ficaram feridos por granadas e objetos incendiários. O comandante Jamil al-Shammari disse que foi imposto um toque de recolher à noite. 

Antes do acirramento dos confrontos, o enviado das Nações Unidas ao Iraque, Jan Kubis, havia pedido "calma" em Basra, solicitando às autoridades "que evitassem usar força letal desproporcional contra os manifestantes". O enviado da ONU  também pediu ao governo que "investigasse e responsabilizasse os autores da onda de violência" e "fizesse o máximo para responder às demandas legítimas do povo por água limpa e fornecimento de eletricidade".

Em sua coletiva de imprensa semanal em Bagdá, na terça-feira, o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, informou ter ordenado que "nenhuma bala real fosse disparada na direção de manifestantes ou para o ar".
 

Limbo político   

A população de Basra, segunda maior cidade iraquiana, é formada em sua maioria por muçulmanos árabes xiitas. A região rica em petróleo tem uma importância estratégica. Antes dos últimos confrontos, o líder xiita, Moqtada Sadr, havia dito, através das redes sociais, que "vândalos se infiltraram" nos protestos.

Atualmente o Iraque se encontra em um estado de limbo político. O bloco de Sadr ganhou o maior número de assentos nas eleições nacionais, realizadas em maio, e está tentando formar um novo governo com Abadi.

As autoridades prometeram contornar a crise de saúde pública que assola a província de Basra. O primeiro-ministro disse que se encontrou em Bagdá com legisladores da região que participaram da primeira sessão parlamentar após as eleições. Abadi informou que o problema da poluição da água seria resolvido, mas sem especificar nenhuma medida concreta.

Em julho, o governo havia anunciado um plano de emergência multibilionário para o sul do Iraque, destinado a revitalizar a infraestrutura e os serviços locais.Os manifestantes, porém, estão cautelosos com as promessas de dirigentes, num momento em que avançam as negociações sobre a formação do próximo governo.

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