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Rússia/Navalny

Opositor russo Navalny é preso e convocado ao tribunal após deixar detenção em Moscou

O oponente russo Alexei Navalny, detido nesta segunda-feira (24) quando saía da prisão após cumprir 30 dias de condenação por ter organizado manifestações não autorizadas, voltou a ser chamado perante um juiz por convocar protestos, em um contexto de descontentamento da população com a reforma previdenciária na Rússia.

O opositor russo, Alexei Navalny, apresenta-se ao tribunal em Moscou em 24 de setembro de 2018.
O opositor russo, Alexei Navalny, apresenta-se ao tribunal em Moscou em 24 de setembro de 2018. REUTERS/Maxim Shemetov
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Alexei Navalny era esperado pela polícia nesta segunda-feira (24), quando foi libertado do centro de detenção, onde havia acabado de cumprir uma sentença de 30 dias por uma manifestação não autorizada em janeiro, quando convocou a população a boicotar a eleição presidencial russa de 18 de março.

Quando chegou ao tribunal, Navalny disse que esperava "ir para casa e comer normalmente”. “Estou muito decepcionado que esses projetos não possam ter sido realizados", completou. O líder da oposição, de 42 anos, que multiplicou suas passagens pela prisão desde que organizou grandes protestos contra o Kremlin e o combate à corrupção em 2017, é acusado de violar mais uma vez uma lei russa sobre manifestações. Ele poderá pegar até 20 dias de prisão, segundo seu porta-voz, Kira Iarmych.

Navalny acusou as autoridades russas de enviá-lo para a prisão para impedi-lo de se manifestar, no dia 9 de setembro, contra o plano do governo de reforma das aposentadorias, ao mesmo tempo em que se realizavam eleições regionais no país. Apesar de sua detenção, milhares de russos responderam ao seu apelo em toda a Rússia contra a reforma da previdência naquele dia. A polícia russa realizou dezenas de prisões durante o protesto.

“Poder está mais fraco do que nunca”

"Navalny foi preso porque o poder está mais fraco do que nunca", disse o líder da oposição Lioubov Sobol no Twitter, citando "a esmagadora maioria das pessoas que se opõem à idade da aposentadoria" e "ao colapso [do partido no poder, Rússia Unida] durante as eleições para governadores em grandes regiões". "Eles isolam (...) o líder da oposição. Eles têm medo, estão em pânico e querem vingança", acrescentou.

Revolta contra reforma da aposentadoria

O anúncio em junho de um aumento na idade de aposentadoria, inalterado desde o período soviético, de 55 anos para mulheres e 60 anos para homens, provocou numerosas manifestações, convocadas pelo Partido Comunista da Rússia.

Se algumas manifestações se mantiveram limitadas a alguns milhares de pessoas, o assunto continua muito sensível em um país onde o padrão de vida e as baixas pensões afetaram a popularidade de Vladimir Putin, que decidiu ceder em alguns pontos da reforma previdenciária no final de agosto.

O descontentamento com a reforma também teve repercussões eleitorais. As eleições regionais de 9 de setembro foram marcadas pelo maior declínio do partido do Kremlin em dez anos. Mesmo se o governo ganhou a maioria das regiões no primeiro turno, quatro regiões importantes demonstraram nas urnas sua desaprovação às mudanças na aposentadoria.

Histórico de Navalny

Navalny tornou-se a principal figura da oposição na Rússia anti-Kremlin desde os grandes protestos de 2011 e 2012. Várias manifestações que figuram entre as mais importantes recentemente realizadas na Rússia foram convocadas por ele e a retórica anticorrupção encontra grande repercussão entre os jovens russos que o seguem pela internet.

O opositor foi declarado inelegível para a eleição presidencial em março por uma sentença judicial, que considera política. No total, Navalny foi preso nove vezes e passou 172 dias na prisão, segundo seu porta-voz.

A ONG Anistia Internacional classificou nesta segunda-feira Navalny como "prisioneiro de consciência, que não cometeu nenhum crime", conclamando as autoridades russas a libertá-lo "imediatamente".

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