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Renault/prisão

Após fraude, brasileiro Carlos Ghosn, patrão da Renault-Nissan, será afastado do cargo

O presidente-executivo da Renault-Nissan, o franco-brasileiro Carlos Ghosn, foi detido em Tóquio, nesta segunda-feira (19), por suspeita de malversação e sonegação fiscal, A prisão aconteceu depois de uma investigação interna da montadora, que anunciou que pretende afastá-lo do cargo “rapidamente”.

Carlos Ghosn, presidente do Conselho de Administração da Nissan e presidente-executivo da Renault.
Carlos Ghosn, presidente do Conselho de Administração da Nissan e presidente-executivo da Renault. JOEL SAGET / AFP
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A notícia veio à tona no fim da tarde desta segunda (19) em Tóquio, no horário local. A imprensa japonesa anunciou que o CEO da Renault, que também dirige os conselhos de administração da Nissan e da Mitsubishi Motors, estava sendo ouvido pelo Ministério Público de Tóquio e acabou sendo detido. O franco-líbano-brasileiro de 64 anos é suspeito de sonegação fiscal. Segundo a emissora de televisão pública NHK, a sede da Nissan em Yokohama, perto de Tóquio, foi alvo de uma operação de apreensão e busca à noite.

De acordo com um comunicado pela empresa, "Carlos Ghosn declarou, durante anos, renda inferior ao montante real", afirmou a Nissan. "Além disso, várias outras malversações foram descobertas, tais como a utilização de bens da empresa para fins pessoais", acrescenta o grupo, que vai propor ao conselho administrativo "demiti-lo de seu cargo rapidamente". Outro executivo, Greg Kelly, também está sendo visado, completou a Nissan. O Conselho de Administração da empresa se reúne nesta quinta-feira.

Colocando a empresa nos trilhos

Carlos Ghosn chegou a Tóquio em 1999 para recolocar a Nissan nos trilhos, no momento em que a empresa acabava de se unir à francesa Renault. Ele foi nomeado CEO dois anos depois. Apelidado de "cost killer" ("cortador de gastos"), ele transformou um grupo à beira da falência em uma empresa lucrativa com volume anual de negócios da ordem de quase € 100 bilhões (cerca de R$ 427 bilhões).

Em abril de 2017, passou o bastão para seu herdeiro, Hiroto Saikawa, ainda permanecendo à frente do conselho de administração. Passou a se concentrar mais na aliança da Renault com a Mitsubishi Motors, que ele levou para o topo da indústria automobilística mundial.

Como CEO da Nissan, ganhou, no período de abril de 2016 a março de 2017, quase 1,1 bilhão de ienes (€ 8,8 milhões no câmbio da época, cerca de R$ 37 bilhões). Além disso, recebia mais de € 7 milhões como CEO da Renault, a qual dirigiu a partir de 2009, depois de ter sido seu diretor-geral desde 2005.

O franco-brasileiro também preside o conselho de administração da Mitsubishi Motors, empresa que ele salvou no fim de 2016, ao assumir, via Nissan, uma participação de 34% no grupo então envolvido em um escândalo de falsificação de dados. A parceria Renault-Nissan-Mitsubishi é, hoje, uma construção de equilíbrios complexos, constituída de distintas empresas ligadas por participações cruzadas não majoritárias.

Acúmulo de funções

A Renault detém 43% da Nissan, que possui 15% do grupo do diamante, enquanto a Nissan possui 34% de seu compatriota Mitsubishi Motors. As acusações contra Carlos Ghosn, que construiu essa aliança sozinho, acumulando funções como nenhum outro executivo desse nível até então, são um duro golpe no trio franco-japonês que reivindica o título de primeiro conglomerado automobilístico mundial. No ano passado, foram 10,6 milhões de carros vendidos, superando os concorrentes Toyota, ou Volkswagen.

(Com informações da AFP Brasil)

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