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Rússia bombardeia rebeldes na Síria após suposto ataque químico

O governo sírio acusou grupos terroristas de realizarem um ataque químico na cidade de Aleppo, um drama que causou uma centena de casos de asfixia e levou a ataques da Força Aérea russa, nesse domingo (25), em represália.

Combatentes rebeldes na província de Idlib. 31 de Agosto de 2018.
Combatentes rebeldes na província de Idlib. 31 de Agosto de 2018. OMAR HAJ KADOUR / AFP
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A Frente Nacional de Libertação, o principal grupo rebelde nas províncias de Aleppo e Idlib, negou qualquer envolvimento no ataque de sábado (24) contra a metrópole do norte do país, que está nas mãos do regime sírio desde o fim de 2016.

No país devastado por uma guerra desde 2011, que já deixou mais de 360 ​​mil mortos, o poder de Bashar al-Assad tem sido mais frequentemente acusado de usar armas químicas, em ataques muitas vezes fatais.

Porém, dessa vez as autoridades sírias acusaram grupos jihadistas e rebeldes de atacarem Aleppo. O chefe de polícia local responsabilizou "grupos terroristas" por terem usado "foguetes contendo gases tóxicos". Em Moscou, o Ministério da Defesa da Rússia mencionou explosivos aparentemente contendo substâncias químicas.

"De acordo com as informações, confirmadas sobretudo pelos sintomas de envenenamento das vítimas, os projéteis disparados nas áreas residenciais de Aleppo continham cloro", afirmou o porta-voz do Ministério da Defesa, Igor Konashenkov.

Segundo um fotógrafo da AFP, dezenas de pessoas, incluindo mulheres e crianças, foram socorridas num hospital em Aleppo sábado à noite. Os feridos pareciam tontos, tinham problemas para respirar e foram tratados com máscaras de oxigênio por cerca de quinze minutos.

Citando "fontes médicas", a agência oficial Sana informou que foram registrados "107 casos de sufocamento". Já o Observatório Sírio para os Direitos Humanos relatou 94 casos de asfixia, sendo que a maioria das vítimas já deixou o hospital.

Retaliação russa

Em retaliação, áreas dominadas por rebeldes e jihadistas no noroeste da Síria foram alvos de ataques aéreos sem precedentes, desde o acordo assinado entre a Rússia e a Turquia, em 17 de setembro, e que permitiu o estabelecimento de uma zona desmilitarizada na província de Idlib.

Os ataques foram assumidos pelo Ministério da Defesa da Rússia, que confirmou ações contra alvos terroristas que foram destruídos.

Rebeldes e jihadistas controlam em grande parte a província de Idlib, a última grande fortaleza jihadista na Síria.

"Negamos as falsas alegações do regime de um ataque a Alepo supostamente realizado pelos revolucionários (...) com projéteis contendo gás cloro", disse em um comunicado Naji Moustapha, porta-voz da coalizão rebelde. "Apenas o regime criminoso e sua gangue possuem essas armas e as usam na Síria", completou.

No entanto, grupos jihadistas na área, incluindo a organização Hayat Tahrir al-Sham e o grupo ligado à Al-Qaeda, Houras al-Din, não reagiram.

Pretexto

Durante todo o conflito, o regime sírio foi acusado pela ONU e pelas capitais ocidentais de usar armas químicas contra civis, o que sempre negou.

Em 2016, uma Comissão de Inquérito da ONU e da Organização para a Proibição de Armas Químicas afirmou que helicópteros militares sírios haviam derramado gás cloro em pelo menos duas áreas de Idlib: em Talmenes, em 2014, e em Sarmim, em 2015.

A comissão também acusou os jihadistas - o grupo Estado Islâmico - de usar gás mostarda em Marea, na província de Aleppo, em 2015.

Sobre o ataque desse sábado, o negociador-chefe da oposição síria no exílio, Nasr al-Hariri, acusou o regime de Assad de ser o responsável para criar "uma desculpa para lançar uma operação militar no norte da Síria."

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