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Imprensa internacional diz que saída do Brasil de Pacto de Migração reflete “admiração por Trump”

O futuro ministro brasileiro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse nesta terça-feira (11) por Twitter que o Brasil sairá do Pacto Global de Migração da ONU, adotado na segunda-feira (10) no Marrocos. “A Imigração é bem-vinda, mas ela não deve ser indiscriminada”, afirmou. As mídias internacionais reagiram a seu anúncio, falando de “admiração por Trump” da parte do novo governo brasileiro.

Família de venezuelanos em campo de refugiados em Bogotá na Colômbia. 13/11/18
Família de venezuelanos em campo de refugiados em Bogotá na Colômbia. 13/11/18 REUTERS/Luisa Gonzalez
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“O Governo Bolsonaro se desassociará do Pacto Global de Migração que está sendo lançado em Marraqueche, um instrumento inadequado para lidar com o problema. A imigração não deve ser tratada como questão global, mas sim de acordo com a realidade e a soberania de cada país”, publicou, no Twitter, Ernesto Araújo.

“A decisão do Brasil de sair do Pacto é um novo sinal de aproximação com a diplomacia de Donald Trump, que retirou os Estados Unidos da elaboração do texto em dezembro de 2017”, disse o jornal francês Le Parisien. “Tanto Jair Bolsonaro quanto Ernesto Araújo expressaram admiração pelo presidente americano e o desejo de se alinhar à sua política internacional”.

Le Parisien lembrou, por exemplo, que Bolsonaro anunciou sua intenção de transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel-Aviv para Jesuralém, como fez o presidente dos Estados Unidos, ainda que a decisão ainda não tenha sido confirmada. “Ele também mostrou sua vontade de tirar o Brasil do Acordo de Paris sobre o Clima”, ressalta o diário.

Já o New York Times publicou um artigo no qual lembra que Bolsonaro sempre adotou uma posição rígida quanto à imigração, fazendo duras críticas aos refugiados que chegavam ao país em 2015. O Brasil é o terceiro país da América Latina a sair do acordo, atrás do Chile e da República Dominicana.

Pacto gerou polêmica

O que era para ser um documento com diretivas para uma migração segura e ordenada virou um “pomo da discórdia na Europa”, como disse o Figaro em sua primeira página de segunda-feira (10). A divisão é tanta que provocou inclusive uma grave crise política na Bélgica, com o racha da coalizão que governa o país.

O documento não é vinculativo, ou seja, não há sanções previstas para as nações que desrespeitarem o texto. Mesmo assim, o pacto se tornou alvo de políticos populistas que o consideram uma ofensa à soberania nacional.

Uma frente de oposição de extrema direita se formou no sábado (8), como conta o Libération: “Bannon e Le Pen se aliam a Bruxelas contra o Pacto de Marrakesh”. O jornal francês explica que Steve Bannon, “eminência parda” de Donald Trump, encontrou a “comparsa” Marine Le Pen, presidente do partido Reunião Nacional, e representantes do Vlaams Belang, o partido fascista flamengo, para denunciar o documento da ONU.

“Paris está em chamas, Londres está em crise. O Pacto de Marrakesh está morto antes de ser assinado”, martelou Bannon. Para Marine Le Pen, trata-se de um “pacto com o diabo”, que permite a africanos e árabes tomar o lugar dos brancos. Libération disse que Bannon “sonha em exportar a revolução trumpiana para o velho continente”, aproveitando a fúria dos coletes amarelos, também na Bélgica, para ilustrar sua teoria de que os descontentes querem o controle de seu país, pois acreditam no conceito de “Estado nação”.

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