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Japão desafia ambientalistas e retoma a caça às baleias

O Japão anunciou nesta quarta-feira (26) a sua retirada da Comissão Baleeira Internacional (CBI), com o objetivo de retomar a pesca comercial desse tipo de cetáceo a partir de julho de 2019, desafiando abertamente os defensores dos animais.

Caçadores de baleias japonesas mataram 122 baleias minke grávidas. Foto de arquivo.
Caçadores de baleias japonesas mataram 122 baleias minke grávidas. Foto de arquivo. AFP PHOTO/YOSHIKAZU TSUNO
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O governo japonês justificou a retomada da caça às baleias pela "ausência de concessões por parte dos países que se preocupam apenas com a proteção animal" e porque, segundo as autoridades do país, evidências científicas confirmam a abundância de certas espécies de baleias.

O anúncio atraiu críticas de grupos de proteção às baleias e de países da Oceania.  A Austrália informou ter ficado "extremamente desapontada".

O ministro das Relações Exteriores da Nova Zelândia, Winston Peters, enviou uma mensagem semelhante a Tóquio, denunciando "uma prática obsoleta e inútil".

"A decisão do Japão está fora de sintonia com a comunidade internacional e ignora a necessidade de proteger nossos oceanos e essas criaturas majestosas", disse Sam Annesley, chefe da filial japonesa do Greenpeace.

Em entrevista à RFI, François Chartier, do Greenpeace França, disse que “a prioridade, hoje, deveria ser de proteger essas espécies de diferentes ameaças, sendo que a caça é apenas uma delas”. Além disso, o ativista lembra que os japoneses consomem cada vez menos carne de baleia e “que o problema tem que ser visto sob uma perspectiva geopolítica em relação à CBI e de afirmação nacionalista no Japão”.

Já a americana Humane Society International (HSI) lamentou que o arquipélago "esteja se tornando uma nação pirata baleeira".

Membros do Partido Liberal Democrático (PLD), grupo conservador do primeiro-ministro Shinzo Abe, defendem "a riqueza dessa cultura", segundo as palavras do porta-voz do governo. "Esperamos que essa decisão passe para a próxima geração", disse Yoshihide Suga.

Além do Japão, Islândia e Noruega realizam a caça comercial de baleias.

Uma tradição secular

No Japão, a tradição da caça à baleia com arpão começou no século 12. E no século 17, se organizou como atividade comercial. No seu apogeu, nos anos 1950, 2.000 baleias desembarcavam nos portos japoneses todos os anos.

Em 1951, o Japão aderiu à Comissão Baleeira Internacional criada para proteger a população mundial desses animais. Porém, na prática, o arquipélago jamais extinguiu essa prática. Os japoneses continuaram a caçar baleias na Antártica devido a uma moratória, de 1986, que autoriza a atividade para pesquisas científicas.

Em 2014, a Corte Internacional de Justiça estabeleceu que o país deveria acabar com a caça regular de baleias nas águas antárticas. Entretanto, na última temporada, os pescadores japoneses mataram cerca de 600 baleias em expedições científicas na Antártica e no Pacífico.

Agora, segundo o governo japonês, a atividade será limitada às águas territoriais e à zona econômica japonesas.

 

 

 

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