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Turquia prende mais de 700 pessoas suspeitas de ligação com golpe frustrado de 2016

Pelo menos 729 pessoas suspeitas de ter ligações com o pregador Fethullah Gülen, acusado por Ancara de orquestrar o golpe fracassado de 2016, foram detidas nesta terça-feira (12) na Turquia, anunciou a agência estatal Anadolu. As prisões ocorrem depois que a promotoria de Ancara enviou os nomes de 1.112 pessoas, supostamente relacionadas ao movimento “gulenista”, para autoridades locais em 75 das 81 províncias do país.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, em janeiro de 2019.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, em janeiro de 2019. REUTERS/Umit Bektas
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A promotoria anunciou que o envio da lista está ligado a uma investigação sobre os vazamentos de dados de um concurso de ingresso na polícia em 2010, atribuído a essas redes “gulenistas”. Trata-se da última onda de repressão, uma das mais importantes nos últimos meses, em consonância com os enormes expurgos que o regime turco lançou após a tentativa de golpe de 15 de julho de 2016.

"Não podemos saber se as pessoas cujos nomes estão nessas listas serão simplesmente convocadas para receber uma declaração ou se serão presas", disse uma fonte judicial à AFP. “Em Ancara, 45 pessoas foram detidas, mas não sabemos o que será decidido nas outras cidades.”

O ministro do interior, Süleyman Soylu, havia prevenido que uma “nova operação” estava sendo preparada contra os “gulenistas”. “Vamos erradicá-los desse país”, disse. Desde a tentativa fracassada de golpe, milhares de pessoas foram presas e mais de 140 mil, principalmente funcionários públicos, perderam o emprego ou foram suspensas de suas atividades.

As autoridades turcas acusam Gülen de ter criado um “Estado paralelo” com o objetivo de derrubar o governo no poder, além de estar por trás da tentativa de golpe fracassada de 15 de julho de 2016. O opositor, que vive há vinte anos nos Estados Unidos, nega qualquer elo com o ocorrido. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, está sendo acusado de usar os fatos de 2016 para acabar de vez com toda a oposição em seu país.

Ondas de perseguição

Em 16 de novembro de 2018, as autoridades turcas prenderam vários professores universitários e figuras da sociedade civil em Istambul, provocando uma onda de críticas na Europa. Na época, a Justiça turca emitiu mandados de prisão contra 188 pessoas, incluindo 100 soldados, suspeitos de estarem ligados ao pregador Gülen.

As pessoas detidas são todas membros ou relacionadas com a ONG Culture Anatolia, que trabalha para superar as diferenças na sociedade turca através da cultura e das artes. Seu presidente, Osman Kavala foi detido sem julgamento por mais de um ano. O decano da Faculdade de Direito da Universidade Bilgi, Turgut Tarhanli, e um professor de matemática da prestigiada Universidade de Bósforo, Betül Tanbay, se encontravam entre os presos.

A União Europeia afirmou, na época, que a onda de prisões na Turquia é "alarmante", dizendo em comunicado que tais medidas "são contrárias ao compromisso declarado do governo turco sobre direitos humanos e liberdades fundamentais". Chamando de "absurdas" as acusações contra os detidos, a Anistia Internacional estimou que as prisões "mostram que as autoridades estão determinadas a continuar sua campanha brutal contra a sociedade civil”. Thorbjorn Jagland, secretário-geral do Conselho da Europa, do qual a Turquia é membro, já se declarou "muito preocupado" pelas diversas detenções e afirmou que iria discutir "este desenvolvimento alarmante com as autoridades turcas".

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