Acessar o conteúdo principal
Linha Direta

Após acusação de antissemitismo, Polônia cancela participação em cúpula em Israel

Publicado em:

A Polônia declarou nesta segunda-feira (18) o boicote da cúpula dos países da Europa Central e do leste, prevista para hoje e amanhã (19), em Israel, para protestar contra as declarações do novo chefe da diplomacia israelense, Israel Katz, que acusa os poloneses de antissemitismo.

Primeiro-ministro polonês cancela visita a Israel para cúpula de Visegrado
Primeiro-ministro polonês cancela visita a Israel para cúpula de Visegrado Agencja Gazeta/Jakub Porzycki via REUTERS
Publicidade

Daniela Kresch, correspondente da RFI em Tel Aviv

O governo polonês já havia anunciado, neste domingo (17), que o primeiro-ministro do país, Mateusz Morawiecki, não participaria da reunião do chamado grupo de Visegrado, formado pela Hungria, Polônia, República Theca e Eslováquia. “As palavras do ministro israelense são racistas e inaceitáveis”, disse o chefe de governo polonês. O novo ministro interino das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, deu uma entrevista a uma rádio afirmando que “os poloneses bebiam leite com antissemitismo diretamente de suas mães”.

O mal-estar entre os dois países começou na semana passada, por conta de comentários feitos pelo premiê de Israel, Benjamin Netanyahu. Ele esteve na Polônia para a Conferência de Varsóvia, patrocinada pelos Estados Unidos, na qual 60 países se reuniram para discutir políticas para o Oriente Médio.

Em entrevista durante a conferência, Netanyahu tocou em uma ferida aberta na relação entre poloneses e israelenses: o nível de envolvimento e cooperação da Polônia com o regime nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

Por causa da entrevista, o premiê polonês, inicialmente, decidiu que enviaria para a cúpula em Israel apenas seu chanceler, Jacek Czaputowicz. O próprio primeiro-ministro polonês informou a Netanyahu sobre sua decisão, em conversa por telefone, neste domingo. Mas, apesar de assessores de Netanyahu terem afirmado que a conversa entre os dois foi “positiva”, jornalistas em Israel analisaram o cancelamento como um mal-estar diplomático.

Lei polonesa proíbe associar país ao Holocausto

Tudo começou quando o jornal israelense “Times of Israel” perguntou a Netanyahu sobre um acordo entre Israel e Polônia acabando com a controvérsia entre os dois países por causa de uma lei aprovada recentemente pelo governo polonês.

A lei instituiu que é proibido dizer que a Polônia, enquanto nação, colaborou com os nazistas durante o Holocausto. Netanyahu respondeu que “os poloneses cooperaram com os nazistas” e que “não se pode esconder a verdade”. Segundo o primeiro-ministro, um número “não insignificante” de poloneses colaborou com os alemães durante o Holocausto sem que tenham sido julgados por isso.

Alguns jornais reproduziram a entrevista afirmando que Netanyahu teria dito que a Polônia colaborou com os nazistas. Diante da repercussão, assessores do premiê tiveram que apagar o fogo do escândalo, afirmando que Netanyahu não disse que a Polônia, como nação, colaborou com Hitler, mas alguns poloneses o fizeram.

A embaixadora de Israel em Varsóvia, Anna Azari, foi convocada pela chancelaria polonesa para esclarecer os comentários.

Mal entendido

Os dois governos, de Israel e da Polônia, culparam a imprensa pelo que seria um mal-entendido. O primeiro-ministro Netanyahu emitiu um comunicado afirmando que não culpou a nação polonesa como um todo e foi citado erroneamente pela imprensa.

O presidente polonês, Andrzej Duda, também culpou a imprensa pelo que chamou de “manipulação jornalística”. Mas chegou a pedir o cancelamento da conferência que começa hoje em Israel. O primeiro-ministro polonês viria a Israel para a reunião do V4, o Grupo de Visegrado.

Este ano, a reunião do V4 acontece em Jerusalém nesta segunda-feira (18) e amanhã, terça-feira (19). Será o primeiro encontro do bloco, formado em 1991, fora da Europa. Para Benjamin Netanyahu, que concorre à reeleição em menos de dois meses, a conferência do V4 é importante e seria uma maneira de mostrar a seis eleitores que Israel não está isolado na Europa e assim, convencer seus eleitores de que ele deve continuar a ser o primeiro-ministro de Israel.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.